O ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, afirma que o cargo que ocupa funciona em todas as legislaturas como "uma espécie de válvula de descompressão dos governos, de bombo da festa político".
De acordo com o governante, a circunstância que descreveu resulta de expectativas não satisfeitas relacionadas com a exigência de dinheiro por parte de diferentes entidades do setor.
"Será uma reivindicação contínua no tempo, impossível de satisfazer, face às necessidades que temos", disse o ministro ao discursar no encerramento da cerimónia que assinalou o Dia Mundial da Saúde, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
Adalberto Campos Fernandes frisou que o ministro da Saúde não é "um ministro setorial", mas um ministro que tem a obrigação de fazer compreender a todo o governo que a saúde é um problema de todos.
"Desiludam-se aqueles que pensam que defendem mais o Estado social aqueles que proclamam as suas dificuldades, aqueles que desistem de encontrar novas soluções e modelos diferentes, pedindo apenas, e várias vezes ao dia, mais recursos", afirmou.
Depois da apresentação de um retrato da saúde no país, o ministro considerou que Portugal pode "ter orgulho" nas realizações das últimas décadas, apesar da crise que afetou o país.
Os portugueses, sustentou, passaram a viver mais quatro anos na última década. O aumento da esperança de vida deixou de ser uma preocupação, referiu, acrescentando que o desafio agora é "fazer os mais velhos viverem melhor".
Em declarações aos jornalistas no final da sessão que decorreu hoje de manhã na Fundação Gulbenkian, o ministro sublinhou que a saúde não é apenas o Serviço Nacional de Saúde (SNS), mas também rendimento e habitação, pelo que defendeu um investimento na melhoria das condições de vida dos portugueses.
Presente na cerimónia, o ex-Presidente da República Jorge Sampaio advertiu que a promoção da saúde é uma questão de Direitos Humanos e lembrou que metade da população mundial ainda não tem os cuidados de saúde que devia ter.
Cada euro investido na saúde tem um retorno de 16 euros no seio do sistema de proteção social, indicou.
Sampaio defendeu que as questões colocadas pelos profissionais de saúde devem ser "analisadas detalhadamente" porque são estes que "conhecem o sistema por dentro".
O ex-Presidente afirmou que nada está completamente garantido para sempre e deixou o desafio para se discutir uma estratégia integrada centrada nos doentes, mas também nos profissionais do setor.