Krystsina Tsimanouskaya apela a todos os bielorrussos que "deixem de ter medo e falem livremente" da situação que estão a viver no país liderado por Alexander Lukashenko.
Em declarações aos jornalistas, já na Polónia, onde chegou na quarta-feira, depois de ter recebido visto humanitário, a atleta olímpica reforça a ideia de que aquilo que a esperava, caso regressasse à Bielorrússia, seria uma punição severa.
"Estou feliz por estar aqui [em Varsóvia, na Polónia]. Estou feliz por estar em segurança", diz Tsimanouskaya, que recebeu ordem para abandonar a Aldeia Olímpica em Tóquio, depois de ter criticado uma decisão dos treinadores da equipa de atletismo bielorrussa, numa mensagem publicada no Instagram.
A velocista estava inscrita na prova dos 200 metros e, sem notificação prévia, foi inscrita na estafeta mista de 4x400 metros, depois de alguns atletas originalmente escalados para a especialidade terem sido considerados inelegíveis por, alegadamente, não terem cumprido todos os testes antidopagem exigidos.
Tsimanouskaya foi transportada até ao aeroporto, em Tóquio, mas antes de embarcar conseguiu libertar-se da vigilância dos responsáveis da missão bielorrussa e pedir auxílio às forças de segurança japonesas.
"Fiquei surpreendida com as proporções que tudo isto tomou. Era um questão desportiva, mas transformou-se num escândalo político", observa.
A atleta de 24 anos pretende "prosseguir a carreira desportiva" e espera "poder permanecer na Polónia e arranjar trabalho". O regresso à Bielorrússia, ainda que desejado, só será uma realidade "quando estiver certa de que será em segurança".
O marido de Tsimanouskaya, Arseny Zdanevich, vai juntar-se à atleta na Polónia, mas a família de ambos permanece na Bielorrússia.
"Estou muito preocupada pelos meus pais, principalmente porque o meu pai sofre de problemas cardíacos e piorou nos últimos dias. Os meus pais disseram-se que na televisão estavam a falar mal de mim. Recebi muitas mensagens más, mas foram mais as mensagens de apoio que recebi".
O Comité Olímpico Internacional já anunciou inquérito à equipa olímpica da Bielorrússia. A União Europeia e os Estados Unidos manifestaram solidariedade com a atleta e elogiaram a ação da Polónia, que prontamente emitiu visto humanitária para a velocista.