As redações do Jornal de Notícias (JN) e do diário desportivo O Jogo decidiram, esta quinta-feira, ativar a suspensão dos contratos de trabalho por falta de pagamento dos salários.
A decisão, anunciada em comunicado, saiu de plenários de trabalhadores do grupo Global Media, realizados no Porto.
O plenário do JN critica o anúncio desta quinta-feira do presidente da comissão executiva da Global Media. De acordo com José Paulo Fafe, o fundo que controla o grupo de comunicação social não vai pagar os salários em atraso até que seja conhecida a decisão da Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC) e retirada uma ação de arresto interposta pelo empresário Marco Galinha
Os trabalhadores do JN repudiam "mais um ato de terrorismo da comissão executiva".
O comunicado recorda que José Paulo Fafe "anunciara na Assembleia da República, no dia 9 de janeiro, a resolução do atraso salarial no início desta semana. Dias depois, remeteu esse 'desejo' para o final desta semana. Agora suspende mesmo a intenção de proceder a qualquer pagamento. E fá-lo através de um comunicado enviado a órgãos de comunicação social antes de o fazer chegar aos trabalhadores".
"O comunicado de José Paulo Fafe deixa clara uma ideia repulsiva: não pagam porque não querem", disse a redação do jornal O Jogo.
"Não cedemos a chantagens, pressões e táticas terroristas da CE ou de José Paulo Fafe, que fazem dos trabalhadores autênticos reféns e armas de arremesso", lamentaram, indicando que "se a CE não é capaz de solucionar os problemas, que assuma isso e aja em conformidade" lembrando que "há propostas e vias de saída em cima da mesa para todos os títulos".
"A situação exige em toda a linha a abertura para uma negociação", destacaram os jornalistas do Jogo.
A redação do JN garante que "defenderá inequivocamente – e até às últimas consequências – o Jornal de Notícias e os seus trabalhadores, tendo sempre em vista o superior interesse dos leitores, do jornalismo e da democracia".
A suspensão do contrato de trabalho é uma medida prevista no Código de Trabalho que visa regular situações em que a relação laboral é temporariamente interrompida, mantendo-se, porém, os vínculos contratuais entre o empregador e o trabalhador.
O grupo Global Media tem os salários de dezembro em atraso e também não pagou o subsídio de Natal. E pretende dispensar entre 150 a 200 trabalhadores.
A 10 de janeiro, os trabalhadores dos títulos do grupo realizaram uma greve.
[notícia atualizada às 19h58]