O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, defendeu que a região deve reivindicar a entrega de uma parcela idêntica ou proporcional ao que é investido na TAP para suprir as falhas do mercado e atrair operadores privados.
“Temos de reivindicar que uma parcela idêntica ou proporcional ao que é investido na TAP nos seja entregue para que consigamos cumprir com as falhas do mercado e atrair operadores privados”, afirmou, acrescentando que o interesse estratégico da TAP para o Porto e para a região é ser “bem servidos”.
O independente participou, esta manhã, na reunião conjunta dos Conselhos Municipais do Turismo e da Economia, no Teatro Rivoli, onde foram discutidos três pontos essenciais: o papel do transporte aéreo na cidade do Porto, a capacidade do Município em capitalizar empresas e a apresentação do estudo sobre a forma como a cidade respondeu à pandemia da Covid-19, revela a autarquia numa nota publicada ao final da tarde.
Lembrando que “o problema da TAP com o Porto é antigo”, o independente, citado no texto publicado, reforçou a ideia de que, enquanto operador público, a TAP não pode “fazer as escolhas que quer” e que “o interesse público não se esgota numa cidade, numa região, num aeroporto”.
Rui Moreira afirmou a sua disponibilidade “para a subsidiação da transportadora”, desde que ela seja “capaz de cobrir as falhas do mercado”.
Para o autarca, essas falhas encontram-se num serviço regular para as ilhas, ou numa frota capaz de dar resposta em situações de emergência como o repatriamento.
Já o presidente da Associação Comercial do Porto, Nuno Botelho, considerou que “mais valia assumir que a TAP é uma companhia que presta serviço só a Lisboa e fazê-la deixar o aeroporto do Porto”.
E acrescentou: “O Porto sempre foi um fardo para a TAP e nós queremos aliviá-la desse fardo”.
Moreira concorda que “mais cedo ou mais tarde” a região deve dizer que não quer que “a TAP cá venha”, como reação à estratégia de criação de um hub no Aeroporto de Lisboa e que estará a ser prejudicada pelo crescimento do Aeroporto Francisco Sá Carneiro.
“Isto não é uma mania da perseguição, é uma estratégia continuada da TAP”, garante Rui Moreira.
Para o presidente da autarquia, não chega o país dizer que é estrategicamente importante ter uma companhia aérea de bandeira, na prática, acrescentou, seria a mesma coisa que dizer que “queremos ter a Torre Eiffel no Porto”, rematou.
A discussão ficou concluída com a concordância na redação de uma moção a dirigir aos deputados da Assembleia da República eleitos pelo Porto, ao Governo e ao Presidente da República expondo a visão dos conselheiros quanto à reestruturação da transportadora.
“Não prevejo nada de bom, porque o silêncio tem sido sepulcral, mas tenho todo o gosto em ir ao Parlamento confrontá-los com os “facts of life””, assumiu Rui Moreira, para quem “salvar dinheiro ao Tesouro não é uma atitude antipatriótica”.
Na abertura da discussão, o vereador da Economia, Turismo e Comércio da Câmara do Porto, revelou que a TAP pesará 25% nas operações no Aeroporto Francisco Sá Carneiro sendo que, “grande parte dos números dependem da ponte aérea Porto-Lisboa”.
Já as companhias estrangeiras “têm um peso relevantíssimo”, continuou, defendendo que “a região tem que colocar em cima da mesa que o financiamento à TAP tem que ser contrabalançado com financiamento das ligações aéreas às regiões que não têm a TAP como companhia a efetuar o serviço”.
O segundo ponto da reunião dos Conselhos Municipais de Turismo e de Economia esteve relacionado, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e do Banco do Fomento, com o apoio do Município às empresas e com a vontade de que seja possível o envolvimento através de um fundo de capitalização, algo que só uma alteração na legislação permitirá.
“Em 2020, avançámos com a ideia de um fundo municipal que fizesse capitalização de empresas”, recorda Ricardo Valente, mas a não existência de meios travou a iniciativa.
“A ideia é que esses meios possam ser criados para que o PRR não seja mais uma oportunidade perdida” explicou o vereador, depois de expor que “é impossível financiar inovação se o meio de financiamento é a dívida”, em detrimento do capital e propor a criação de sociedades de desenvolvimento industrial e inovação (SDII).
“O que nos preocupa é a não territorialização das políticas associadas à bazuca”, reforçou Rui Moreira. Nas palavras do presidente da Câmara do Porto, “isto vai ser decidido pelos suspeitos do costume e para os suspeitos do costume”.
No final da reunião, Ricardo Valente divulgou ainda o relatório dos “365 dias de resistência à pandemia”, tendo adiantado que em breve, o Município vai, também, disponibilizar um sistema de ‘business inteligence’ com estatísticas em tempo real do ponto de vista das atividades económicas.