O comissário europeu para o Mercado Interno, Thierry Breton, admitiu, este domingo, que a União Europeia (UE) pode não renovar o contrato para a aquisição da vacina da AstraZeneca, alegando o incumprimento dos prazos de entrega por parte da farmacêutica anglo-sueca.
"A minha prioridade, como responsável das vacinas, é que aqueles com quem assinamos um contrato façam as entregas no prazo", disse o comissário numa entrevista ao canal francês BFM TV, citada pela EFE.
A UE tinha assinado um contrato com a AstraZeneca para a disponibilização de 120 milhões de doses no primeiro trimestre e de 180 milhões no segundo nos Estados-membro. Thierry Breton lamentou só tenham sido entregues cerca de 30 milhões entre janeiro e março: "Isso criou problemas. Nada é definitivo, continuaremos as negociações."
O comissário francês assegurou que a eventual não renovação do contrato, que termina a 30 de junho, se deve à questão dos prazos e das condições estipuladas e não a problemas com a vacina em si, como foi adiantado, inicialmente, pelo jornal italiano "La Stampa".
"Olhando para os números, vemos que os benefícios da vacina AstraZeneca são muito maiores do que o risco", Thierry Breton.
Campanha de vacinação atribulada
A campanha de vacinação da UE tem sido marcada por atrasos na entrega de vacinas por parte da AstraZeneca e pelos efeitos secundários do seu fármaco. Foi confirmada a ligação da administração da vacina a casos muito raros de formação de coágulos sanguíneos.
A 8 de abril, as autoridades de saúde portuguesas recomendaram a administração da vacina da AstraZeneca em pessoas acima dos 60 anos de idade. Aconteceu depois de a Agência Europeia do Medicamento (EMA) ter indicado uma "possível ligação" entre este fármaco e "casos muito raros" de formação de coágulos sanguíneo, apesar de ressalvar que as vantagens são maiores do que os riscos de reações adversas.
A ministra da Saúde sublinhou, na semana passada, que o risco de desenvolvimento de coágulos sanguíneos "é absolutamente raro na toma da vacina da Astra Zeneca" e que os benefícios são maiores que os riscos.
"Não utilizar a vacina significa deixar de vacinar mais de dois milhões de pessoas acima dos 60 anos", sublinhou Marta Temido.
A União Europeia atingiu esta semana as 100 milhões de doses de vacinas administradas contra a covid-19 pelos países europeus, num total de mais de 126 milhões de doses recebidas, equivalendo a 7,5% dos adultos europeus totalmente inoculados.