A demissão do chefe de Estado Maior do Exército, o general Rovisco Duarte, foi uma exigência do novo ministro da Defesa, Gomes Cravinho, apurou a Renascença.
Fonte próxima do novo ministro da Defesa, que tomou posse na segunda-feira, adianta que Gomes Cravinho fez saber a Rovisco Duarte que queria a sua saída.
Gomes Cravinho quer começar o seu mandato com a casa arrumada e acredita que, com a substituição do chefe de Estado Maior do Exército, as Forças Armadas deixam de estar sob pressão externa, mas também interna.
O general Rovisco Duarte era muito criticado no seio do Exército pela gestão que considerada “ruinosa” do caso Tancos.
O militar justificou, perante o Exército, o pedido de demissão. Rovisco Duarte fala em "circunstâncias políticas". O general comunicou "por escrito", através da rede interna do Exército, que apresentou ao Presidente da República a sua carta de resignação.
"Apresentei hoje a Sua Excelência o Presidente da República e Comandante Supremo das Forças Armadas a minha carta de resignação ao cargo de Chefe do Estado-Maior do Exército, depois de dois anos e seis meses à frente do Exército. A todos vós, e unicamente a vós, devo uma explicação: as circunstâncias políticas assim o exigiram, referiu.
O Chefe de Estado Maior do Exército apresentou esta quarta-feira a demissão. O general Rovisco Duarte invocou "razões pessoais", adianta a Presidência da República.
A Presidência da República anuncia, em comunicado, que "recebeu hoje uma carta do General Francisco José Rovisco Duarte, que, invocando razões pessoais, pede a resignação do cargo do Chefe de Estado-Maior do Exército".
O ministério da Defesa Nacional aceitou o pedido de demissão do chefe do Estado Maior do Exército e anunciou que iniciou o processo de substituição.
O pedido de exoneração de Rovisco Duarte ocorre dois dias depois da tomada de posse do novo ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, na sequência da demissão de José Azeredo Lopes do cargo.
O anterior ministro invocou a necessidade de evitar que as Forças Armadas fossem prejudicadas pelo "ataque político" e as acusações de que afirmou estar a ser alvo por causa dos desenvolvimentos da investigação judicial à recuperação do material militar furtado em Tancos, divulgada a 29 de junho de 2017.
A demissão de Rovisco Duarte acontece um ano depois da recuperação da maior parte do material, divulgada pela Polícia Judiciária Militar, em comunicado, no dia 18 de outubro de 2017, na Chamusca, a cerca de 20 quilómetros dos paióis de Tancos.
A investigação do Ministério Público à recuperação do material furtado, designada Operação Húbris, levou à detenção para interrogatório de militares da PJM e da GNR.
A demissão de Rovisco Duarte já tinha sido defendida pelo CDS-PP, que propôs na Assembleia da República uma comissão de inquérito para apurar as responsabilidades pelo furto.