Desde final do ano passado que o Banco Central Europeu anunciou, através de um relatório, a intenção de criar um euro digital. Não se sabe ainda que forma é que assumirá, mas encontram-se neste momento em estudo diversas alternativas, pelo que teremos de aguardar os resultados desse estudo para podermos formar uma ideia mais clara. Mas seria bom que desde já as instituições políticas portuguesas fossem acompanhando o que for sendo decidido de modo ao País não se ver confrontado com factos consumados. Em particular o acompanhamento parlamentar é essencial.
A criação de um euro digital é do meu ponto de vista algo de expectável e quase inevitável face aos avanços tecnológicos da transmissão de dados e dada também a experiência das chamadas criptomoedas. Mas as opções possíveis são muitas.
Em primeiro lugar, se a opção que vier a ser escolhida extravasar o sistema financeiro e implicar com os pagamentos do cidadão comum, é preciso contar com o facto de muita gente ter uma literacia digital limitada e portanto poder sentir-se desprotegida face a um sistema que não compreende.
Em segundo lugar, a moeda, qualquer que seja e desde que tenha curso obrigatório é a expressão de poder político que, no caso de uma moeda como o euro que substituiu moedas nacionais, é particularmente sensível pelo que têm que continuar a ser claras as opções de política monetária.
Em terceiro lugar, para aqueles como eu que são cépticos em relação á moeda única, o euro digital não deverá constituir-se numa forma artificial de impedir alterações da geometria da zona euro caso estas venham a revelar-se necessárias.