A Ordem dos Médicos manifestou-se esta sexta-feira "muito preocupada" com a situação da urgência obstétrica no Hospital São Francisco Xavier, que acolhe as utentes do Santa Maria devido a obras, alertando para um "modelo inaceitável" na escala para novembro.
O serviço de Ginecologia/Obstetrícia do Hospital Santa Maria, que está a ser alvo de obras de ampliação, está desde agosto concentrado no Hospital São Francisco Xavier (HSFX), em Lisboa.
Num comunicado enviado à Lusa esta noite, a Ordem dos Médicos do Sul acusa o serviço de obstetrícia do Centro Hospitalar de Lisboa Norte (CHULN, que inclui o Hospital de Santa Maria) de não estar a cumprir o compromisso assumido de colocar equipas adequadas na urgência do HSFX.
Para os responsáveis da OA, "não é aceitável existirem dois ou três ginecologistas de urgência interna no CHULN e apenas um único especialista na equipa de urgência externa no Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental (CHLO, a que pertence o HSFX) quando deveriam estar pelo menos quatro".
A Ordem alerta que esta situação deverá repetir-se "em vários dias do mês de novembro e coloca em risco a assistência médica às grávidas e restantes doentes da região de Lisboa".
Isto ocorre "numa altura em que as urgências limítrofes anunciam encerramentos parciais ou totais", alerta ainda o órgão profissional, considerando que "esta situação é inaceitável, segundo as normas estabelecidas pela Ordem dos Médicos, que têm em vista garantir a segurança dos doentes e a qualidade da Medicina praticada".
A Ordem diz que uma delegação sua esteve reunida hoje com a administração e a direção de serviço de Obstetrícia do Hospital do HSFX para debater esta grave situação em Lisboa, mas sublinhou que na reunião "não estiveram representantes da direção clínica do Centro Hospitalar de Lisboa Norte (CHULN, que inclui o Hospital de Santa Maria) nem do respetivo serviço de Ginecologia/Obstetrícia, embora tenham sido informados e convidados pela Ordem dos Médicos".
Segundo a ordem, a reunião tinha como principal objetivo a resolução de "problemas que se têm agudizado no modelo encontrado para colaboração entre estes dois serviços e que acabaram por se traduzir numa situação inaceitável na escala de urgência obstétrica durante o mês de novembro".
A delegação da Ordem dos Médicos, encabeçada pelo presidente do Conselho Regional do Sul, Paulo Simões, "manifestou a sua preocupação e também o propósito de seguir o assunto, com vista à sua solução", considerando igualmente que "o caso exige a colaboração efetiva entre as duas administrações e as duas direções de serviço, para que as utentes, a quem de facto interessa acima de tudo, tenham uma resposta capaz".
O documento adianta que o Conselho Regional do Sul "vai procurar reunir-se com a administração do CHULN, a direção clínica e a direção de serviço para apelar a essa colaboração e tentar perceber que razões estão na génese destas falhas".
A OM diz esperar que a direção executiva do Serviço Nacional de Saúde (SNS) "seja capaz de assumir as suas responsabilidades e intervir no sentido de precaver os problemas que estão em causa, salvaguardando as condições que são exigíveis para o trabalho destes especialistas, que se deslocam de um hospital para outro, em função de constrangimentos que não foram criados por eles".