Depois de Zelenskiy anunciar, na segunda-feira, a demissão de Iryna Venediktova, procuradora-geral do país, e de Ivan Bakanov, chefe do Serviço de Segurança Interna, na terça-feira foi a vez de mais 28 funcionários serem destituídos por alegado “desempenho insatisfatório de funções”.
À Renascença, Tetiana Pechonchyk, da organização ucraniana de direitos humanos Zmina, diz não acreditar que estas sejam as verdadeiras razões das demissões, até porque estes cargos são altamente dependentes do Presidente.
“Há também traidores nas forças de segurança e nas polícias e não houve destituições. Os acordos de Kharkiv, entre a Rússia e a Ucrânia sobre a frota ucraniana no Mar Negro também desapareceram. Isto foi alvo de investigação pelas autoridades e ninguém foi responsabilizado”, argumenta.
No entender desta responsável da organização ucraniana de direitos humanos, a procuradora-geral “era 100% dependente do Presidente e agora querem alguém que seja dependente a 200%”.
“Tudo isto são jogos internos”, destaca.
Tetiana Pechonchyk considera ainda que a demissão da procuradora-geral ucraniana não vai influenciar a investigação de crimes de guerra uma vez que este processo depende de uma reforma estrutural do sistema judicial.
“A investigação de crimes de guerra não está diretamente relacionada com a figura da procuradora”, entende, explicando que “tem mais a ver com a capacidade global do sistema ucraniano em investigar um número tão grande de crimes de guerra”.
“É sobre adequar a legislação nacional com o quadro legal internacional, sobre a formação, capacidade, recursos técnicos e independência dos procuradores e também sobre visão como construir um mecanismo de justiça a nível nacional”, detalha.