O PSD volta a chamar ao Parlamento João Gomes Cravinho, o antigo ministro da Defesa para dar mais explicações sobre o alegado esquema de corrupção no ministério que tutelava, e que deu origem à investigação “Tempestade Perfeita”.
No requerimento a que a Renascença teve acesso, os deputados social-democratas consideram que as explicações dadas o mês passado no debate de urgência no Parlamento, não foram suficientes nem esclarecedoras. O deputado Jorge Paulo Oliveira diz, em declarações à Renascença, que o ministro tem agora uma segunda oportunidade.
“João Gomes Cravinho, enquanto ministro da Defesa nacional, fez tudo o que se espera que não faça, e por isso tem uma segunda oportunidade de dissipar todas as dúvidas e os indícios que apontam para um comportamento condenável no ministério” afirma Jorge Paulo Oliveira.
O PSD considera que João Gomes Cravinho não deu resposta a várias questões e por isso, no requerimento, coloca as 30 perguntas que quer fazer ao antigo ministro da Defesa. Os deputados querem saber quando é que o ministro teve conhecimento de que as obras de reabilitação do antigo Hospital Militar de Belém tinham custado o triplo do que estava inicialmente orçamentado, quem autorizou o aumento da despesa.
O PSD quer ainda perguntar a João Gomes Cravinho, se depois de ter sido conhecido o relatório da auditoria pedida à IGDN, que detetou “inconformidades legais”, porque não foi enviado à Procuradoria-Geral da República, ao mesmo tempo em que foi enviado ao Tribunal de Contas.
Em declarações à Renascença, o deputado Jorge Paulo Oliveira levanta ainda outra questão relacionada com Alberto Coelho, um dos arguidos do caso “Tempestade Perfeita”.
“Apesar de dois despachos do secretário de Estado e da auditoria da IGDN, o ministro não instaurou qualquer processo disciplinar a Alberto Coelho, como até o promoveu a presidente de uma empresa pública” denuncia o deputado social-democrata.
Secretário de Estado da Defesa também é chamado
O PSD pediu a presença do ministro na comissão de defesa a 14 de dezembro, o pedido foi chumbado pelo partido socialista, com o argumento do debate de urgência a 20 de dezembro. O PSD entende que o modelo do debate, pelas limitações de tempo, não oferece as melhores condições para dar explicações sobre o caso e pede pela segunda vez a audição do antigo ministro da Defesa.
O requerimento que pede ainda a presença do atual secretário de Estado da Defesa Nacional, deve ser discutido e votado na próxima quarta-feira.
Em dezembro, o ministro João Gomes Cravinho considerou ter feito “exatamente aquilo que devia fazer” relativamente às suspeitas de corrupção no Ministério da Defesa, abrindo caminho à investigação “Tempestade Perfeita”.
No início do mês de dezembro, a Polícia Judiciária desencadeou a operação “Tempestade Perfeita”, que resultou em cinco detenções, entre as quais três altos quadros da Defesa e dois empresários, num total de 19 arguidos, que respeita ao período em que João Gomes Cravinho tutelou aquele ministério.
Um dos cinco detidos é o ex-diretor-geral de Recursos da Defesa Nacional Alberto Coelho, alegadamente envolvido na derrapagem nas obras de requalificação do antigo Hospital Militar de Belém. A derrapagem foi revelada por uma auditoria da Inspeção Geral da Defesa Nacional, que visou a atuação de Alberto Coelho.