A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) dá conta, esta segunda-feira, de um “aumento preocupante” de ataques aos cristãos da Terra Santa, incluindo cuspidelas, assédio físico, danos em propriedades e cemitérios e interrupção de celebrações
Citando as conclusões de um relatório do Centro Rossing, com sede em Jerusalém, intitulado Ataques aos Cristãos em Israel e Jerusalém Oriental, a AIS assinala que as comunidades mais afetadas são as da Cidade Velha de Jerusalém.
Os ataques violentos são, na sua maioria, levados a cabo por jovens judeus ultra-ortodoxos marginalizados com opiniões nacionalistas radicais, disse à AIS Hana Bendcowsky, do Centro Rossing, assinalando que “mesmo entre os ultra-ortodoxos, este tipo de comportamento não é normativo, a maioria não entraria numa igreja e partiria uma imagem de Jesus”.
Ao contrário dos incidentes fisicamente violentos, os casos de cuspidelas ou de assédio verbal são levados a cabo por “membros da comunidade ultra-ortodoxa, homens e mulheres, jovens e idosos.
Nestas declarações à fundação pontifícia, a responsável do Centro Rossing refere que comunidade está abalada e sente-se desconfortável.
Já o abade Nikodemus Schnabel, da abadia beneditina da Dormição, em Jerusalém Oriental, diz que os incidentes com as cuspidelas, em particular, se tornaram uma ocorrência diária.
O relatório Attacks on Christians in Israel and East Jerusalem refere que “quando houve intervenção policial, esta foi útil”
Apesar de elogiar os polícias, Bendcowsky entende que estes podiam fazer mais.
“A polícia está disposta a trabalhar com a Igreja e a ajudar a comunidade, mas ainda precisa de aprender sobre o cristianismo e os cristãos”, disse em declarações citadas pelas AIS, acrescentando que “A Igreja precisa de coragem para denunciar estes incidentes e ir à polícia quando eles acontecem, porque a situação pode ser complicada e nem sempre estão seguros de que a denúncia destes acontecimentos não os afetará negativamente”.
“Uma declaração oficial dos rabinos é muito importante e pode significar muito para as Igrejas”, sublinha Bendcowsky.
Segundo a AIS, o Patriarca Latino de Jerusalém, Cardeal Pierbattista Pizzaballa, concorda com a necessidade de falar com as instituições religiosas no sentido de denunciarem as situações de ataque, mas adverte que é preciso prudência porque “quanto mais falarmos sobre este assunto, mais fortes se sentirão”
Ao longo de mais de uma década, a Fundação AIS tem apoiado o Centro Rossing com vários projetos, incluindo o programa “Desenvolver o Perdão, Vencer o Ódio”, que reúne jovens judeus, cristãos e muçulmanos e os ajuda a aprender a viver juntos.