Homens armados destruíram na terça-feira instalações de uma missão de monges beneditinos em Auasse, em Cabo Delgado, norte de Moçambique, levando à fuga de quatro religiosos tanzanianos para o seu país, disse o bispo de Pemba, capital da província.
D. Luiz Fernando Lisboa disse à Lusa que na sequência do ataque, no distrito de Mocímboa da Praia, os quatro monges beneditinos foram obrigados a ficar escondidos durante dois dias no mato, tendo conseguido fugir até um convento da congregação, na Tanzânia.
D. Luiz Fernando Lisboa assinalou que o ataque é mais uma prova do agravamento da insegurança na província de Cabo Delgado.
"Fizeram ataques em três distritos, em simultâneo. Isso aprofunda a crise", referiu.
Os homens armados deitaram fogo à residência dos beneditinos, destruíram aquilo que os monges estavam a construir na região, roubaram diverso equipamento e uma viatura, acrescentou.
"Embora a presença das forças [militares seja mais visível], a situação não está controlada", declarou o bispo.
D. Luiz Fernando Lisboa adiantou que nas ações da última semana, não houve vítimas a lamentar.
O bispo de Pemba sublinhou que o ataque de terça-feira em Auasse terá sido o mais significativo contra uma estrutura da Igreja Católica, depois dos incidentes na igreja de Nangololo durante a Semana Santa.
A insegurança em Cabo Delgado está a deteriorar-se e assiste-se a uma fuga em massa das populações, acrescentou D. Luiz Fernando Lisboa.
"Há fome, porque muitas famílias, que estão a acolher também deslocados, já são muito pobres. Este é um problema muito sério", destacou.
O bispo de Pemba considera que Moçambique precisa de ajuda internacional para travar a violência em Cabo Delgado, porque as Forças de Defesa e Segurança sozinhas não estão a ser capazes de deter a ação dos grupos armados.
"Quem pode ajudar, tem de oferecer essa ajuda", refere.
Cabo Delgado, região onde avançam megaprojetos para a extração de gás natural, vê-se a braços com ataques de grupos armados classificados como uma ameaça terrorista e que já provocaram a morte de, pelo menos, 550 pessoas em dois anos e meio.
As autoridades moçambicanas contabilizam 162 mil afetados pela violência armada na província.