De acordo com dados da Comissão Europeia e da OCDE relativos a 2016, um em cada três portugueses não consulta o médico dentista, alegando razões económicas. Um problema que, segundo o relatório "Health At Glance", triplicou entre 2008 e 2014.
Aliás, o mais grave mesmo é que Portugal é o país europeu que registou o aumento mais significativo de utentes que referiram não ter recorrido ao médico dentista. Primeiro porque não tem dinheiro, depois porque tem de esperar muito tempo por uma consulta e finalmente por causa das distâncias.
E estes dados parecem confirmar as conclusões do Barómetro Nacional de Saúde Oral da Ordem dos Médicos Dentistas: em 2015, o estudo da consultora QSP revelava que a crise económica e financeira tinha tido impacto no acesso dos portugueses à saúde oral.
16% dos inquiridos admitiram que passaram a ir menos vezes ao dentista nos 12 meses anteriores. E nesse grupo em particular, três em cada cinco justificaram a decisão com razões monetárias.
E se isto não é bom nos adultos, o que dizer no caso das crianças? Um estudo recente, que envolveu várias instituições do Porto, concluiu que duas em cada cinco crianças portuguesas com seis anos apresentam cáries dentárias.
Só que com a idade, o problema torna-se mais grave. Este mesmo estudo indica que o intervalo aperta para dois em cada três quando chegam aos 18 anos.
Não é propriamente novidade que Portugal é um país a vários ritmos. Entre grandes centros urbanos e zonas mais desertificadas, a realidade transforma-se radicalmente.
De acordo com a Pordata, existe actualmente em Portugal um médico dentista para 1.125 habitantes.
Só que isto é a média nacional: Porto e Lisboa estão sempre mais bem servidos. E isso também não é novidade.
O problema são as regiões periféricas, com menos habitantes. O Alentejo é a zona do país com pior rácio. De acordo com a média elaborada com base nos números da Ordem dos Médicos Dentistas, entre o litoral e o interior alentejano, a região apresenta um rácio de um médico dentista para 2.400 habitantes.