Israel denunciou hoje como "unilateral" a declaração do Conselho de Segurança da ONU sobre os colonatos na Cisjordânia e lamentou o apoio dos Estados Unidos àquele texto que nega, na sua opinião, um direito "histórico" dos judeus.
"O Conselho de Segurança da ONU divulgou uma declaração unilateral negando o direito dos judeus a viver na sua pátria histórica, ignorando os atentados terroristas palestinianos em Jerusalém nos quais dez cidadãos israelitas foram assassinados" nas últimas semanas, afirmou, num comunicado, o gabinete do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, considerando que "os Estados Unidos nunca deveriam ter-se aliado" a tal texto.
Pela primeira vez em seis anos, o Conselho de Segurança das Nações Unidas condenou hoje a construção de colonatos israelitas nos territórios palestinianos, numa declaração menos forte que o esperado, mas que foi suficiente para enfurecer Israel.
"A continuação das atividades de colonização de Israel põe em perigo a viabilidade da solução de dois Estados" coexistindo lado a lado, considerou o órgão executivo da ONU na declaração da presidência, aprovada por unanimidade dos seus 15 membros, mas que não tem o alcance vinculativo da resolução proposta na semana passada, que desagradou aos norte-americanos.
O Conselho "opõe-se veementemente a todas as medidas unilaterais que constituam obstáculos à paz, incluindo, entre outras, a construção e a expansão de colonatos israelitas, a confiscação de terras de palestinianos e a 'legalização' de colonatos, a demolição de habitações palestinianas e o deslocamento de civis palestinianos".
E ainda "expressa a sua profunda preocupação e a sua consternação" quanto ao anúncio israelita de 12 de fevereiro relativo à legalização de nove colonatos e à construção de novos edifícios de habitação nos colonatos existentes.
Após o anúncio sobre os nove colonatos, os Emirados Árabes Unidos tinham elaborado, na semana passada, um projeto de resolução do Conselho de Segurança que visava, em particular, que aquele órgão "condenasse todas as tentativas de anexação, incluindo as decisões e medidas de Israel relativamente aos colonatos", e apelava "para a sua retirada imediata" -- uma "condenação" que não se encontra na declaração hoje divulgada.
Aquela iniciativa provocou o descontentamento dos Estados Unidos, que têm direito de veto no Conselho, tendo o Departamento de Estado criticado uma resolução "pouco útil à luz do apoio necessário para as negociações sobre a solução de dois Estados", embora condenando o anúncio israelita sobre a legalização dos nove colonatos.
O projeto de resolução foi retirado, após conversações sobretudo entre palestinianos e norte-americanos, indicou uma fonte diplomática.
"Os Emirados trabalharam arduamente com diversas partes, com os palestinianos e outros, com os Estados Unidos, que fizeram um enorme trabalho diplomático, para conseguir obter a unidade" do Conselho, comentou a respetiva embaixadora, Lana Zaki Nusseibeh.