Alemanha, Polónia e Inglaterra e outros países europeus afirmaram esta terça-feira que não enviarão tropas para a Ucrânia, após o Presidente francês, Emmanuel Macron, ter colocado essa possibilidade na mesa.
No encontro de líderes europeus que ocorreu esta segunda-feira em Paris, Macron disse que não se deve excluir a possibilidade de enviar tropas de países europeus, alguns deles membros da NATO, para combater na Ucrânia, face a ganhos no campo de batalha pelas forças do Presidente russo, Vladimir Putin, no leste da Ucrânia, e a crescente escassez de munições e soldados do lado ucraniano.
"Nada deve ser excluído. Faremos tudo o que for necessário para que a Rússia não ganhe", disse Macron aos jornalistas numa reunião urgente de líderes europeus, em Paris, para ponderar como reforçar o apoio à Ucrânia contra a invasão russa, após dois anos de guerra.
No entanto, esta terça-feira, países como Alemanha, Grã-Bretanha, Espanha, Polónia e República Checa opuseram-se vocalmente ao envio das suas tropas para combater em solo ucraniano.
"Não haverá tropas terrestres, nem soldados em solo ucraniano enviados para lá por países europeus ou estados da NATO", afirmou o chanceler alemão, Olaf Scholz.
"Fico feliz que a França esteja a considerar apoiar mais fortemente a Ucrânia, mas se puder fazer uma sugestão, então, enviem mais armas", disse o ministro alemão da Economia, Robert Habeck.
O Kremlin ameaçou alargar o conflito bélico para outros países da NATO caso membros da aliança enviem forças militares para a Ucrânia. “Nesse caso, não precisamos de falar sobre probabilidade, mas sobre a inevitabilidade [do conflito]”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, aos repórteres.
“O próprio facto de discutir a possibilidade de enviar certos contingentes de países da NATO para a Ucrânia é um novo elemento muito importante”, sublinhou.
O envolvimento da NATO no conflito entre a Rússia e a Ucrânia apresenta ameaças para os países da aliança, nomeadamente a expansão deste conflito, e a possibilidade de uma guerra nuclear. Nada impede os membros da NATO de aderirem individualmente ou em grupos, mas a própria organização só se envolveria se todos os 31 membros concordassem.
A NATO fornece apenas ajuda à Ucrânia e apoio não letal, como suporte médico, uniformes e equipamento de inverno, mas alguns membros podem decidir independentemente enviar armas e munições, bilateralmente ou em grupos.
O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, disse à Associated Press que “os aliados da NATO estão a fornecer um apoio sem precedentes à Ucrânia. Temos feito isso desde 2014 e intensificado após a invasão em grande escala. Mas não há planos para tropas de combate da NATO no terreno na Ucrânia".
Numa reunião em Praga, o primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, afirmou que "a Polónia não planeia enviar as suas tropas para a Ucrânia”. O primeiro-ministro da República Checa, Petr Fiala, também disse que “certamente não quer enviar os seus soldados”.
O primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, disse que alguns países estavam a ponderar fechar acordos bilaterais para fornecer tropas em ajuda à Ucrânia. No entanto, não clarificou quais os países ou o que as tropas fariam na Ucrânia. Macron também evitou nomear países, dizendo que queria manter a “ambiguidade estratégica”.
Na semana passada, a França, a Alemanha e o Reino Unido assinaram acordos bilaterais de segurança com a Ucrânia, para assegurar o apoio ocidental no conflito.
As nações europeias receiam que os Estados Unidos reduzam o seu apoio, uma vez que a ajuda à Ucrânia está suspensa no Congresso. As disputas políticas em Washington bloquearam 61 mil milhões de dólares em ajuda extremamente necessária dos EUA.
Para além disso, existe preocupação que reside sobre a possibilidade do regresso de Donald Trump à Casa Branca, tendo em conta as recentes declarações do ex-presidente americano face ao conflito.
A República Checa anunciou este mês planos, apoiados pelo Canadá, Dinamarca e outros, para financiar a compra rápida de centenas de milhares de munições para envio à Ucrânia.