Um manuscrito encontrado num sofá na casa de Aretha Franklin constitui um testamento válido, determinou, esta terça-feira, o júri de um tribunal norte-americano, para resolver um diferendo entre os filhos da "Rainha do Soul", que morreu em 2018.
A lendária cantora norte-americana, que morreu em 16 de agosto de 2018 na sua cidade natal, Detroit, não deixou um testamento oficial, mas documentos escritos à mão, descobertos posteriormente na sua casa, alimentaram anos de conflito entre os seus quatro filhos.
Os documentos, de difícil leitura, parecem partilhar os seus bens, nomeadamente imóveis, mas também joias, peles, aparelhagem de som e direitos musicais. Um deles, datado de 2010, foi descoberto num armário trancado. Outro, datado de 2014, foi encontrado debaixo das almofadas do sofá.
Dois dos seus filhos, Edward e Kecalf Franklin, posicionaram-se a favor do documento de 2014. Outro, Ted White Jr, afirmou que o documento de 2010 é mais legítimo. Ambos os testamentos parecem indicar uma distribuição igualitária de direitos autorais entre estes três filhos.
Segundo o New York Times, Clarence Franklin, o primeiro filho da cantora, sofre de problemas de saúde mental e vive sob tutela legal, tendo os seus irmãos jurado apoiá-lo.
A decisão do júri, composto por seis pessoas, é particularmente favorável a Kecalf Franklin e seus filhos, que devem herdar a residência principal da cantora, uma mansão localizada num subúrbio nobre de Detroit, bem como os carros.
A ação focou-se na assinatura do documento de 2014, que dizia "A. Franklin", com um pequeno desenho em forma de 'cara sorridente' na primeira inicial, que Kecalf Franklin disse ser "característica" da caligrafia da sua mãe.
O júri proferiu a sua decisão após uma hora de deliberação, encerrando um julgamento de dois dias.
Durante anos, os administradores da herança de Aretha Franklin saldaram dívidas e pagaram impostos, enquanto geriam os direitos de sua música.
A "Rainha do Soul" morreu aos 76 anos em Detroit, de cancro no pâncreas, após uma carreira de seis décadas que a tornou uma das artistas mais respeitadas dos Estados Unidos.
Intérprete inesquecível de "Respect", a diva também foi figura na luta pelos direitos civis dos afro-americanos e cantou no funeral de Martin Luther King, em 1968.