A semana terminou com Luís Montenegro a pedir a demissão não só do ministro das Infraestruturas, mas também da secretária-geral do Serviço de Informações da República (SIRP), na sequência das audições na comissão parlamentar de inquérito à gestão da TAP, pedido que o líder do PSD dirigiu diretamente por telefone ao primeiro-ministro.
É este pedido de demissão de Graça Mira Gomes que leva o líder parlamentar do PS a falar de "absoluta irresponsabilidade", referindo-se a Montenegro. Eurico Brilhante Dias considera mesmo que "é, desde o ponto de vista institucional das coisas mais graves que fez o líder do PSD até aos dias de hoje como líder do PSD".
No programa São Bento à Sexta da Renascença, Brilhante Dias reforça: "É muito grave, é gravíssimo. Porque o Sistema de Informações da República Portuguesa é um pilar e um instrumento fundamental da nossa segurança coletiva", rematando que o SIRP "deve merecer de todos um enorme consenso, não deve ser colocado neste conjunto de fascículos ou capítulos da telenovela".
Brilhante Dias carregou mesmo nas tintas sobre o caso que envolve a recuperação de um computador do Estado por parte das secretas e que o PS e o Governo defendem como "legal".
"O que é grave é termos um líder partidário, do segundo maior partido do país, que já foi Governo, que, perante isto, coloca em causa o sistema de informações. O dr. Luís Montenegro não tem condições para ser primeiro-ministro de país nenhum, nem presidente de junta de freguesia - que também é um papel muito importante - porque ninguém, que quer ter responsabilidades neste país, atua colocando em causa o sistema de informações", disse o dirigente socialista.
"Montenegro nunca tentou interferir num processo judicial"
Brilhante Dias rematou que Luís Montenegro "não tem as mínimas condições para governar este país", ao que Joaquim Miranda Sarmento, líder parlamentar do PSD, atalhou atirando que "o dr. Luís Montenegro nunca tentou interferir num processo judicial".
O dirigente social-democrata defende que é preciso que o primeiro-ministro esclareça o que o PSD considera serem as "contradições" de versões entre o ministro das infraestruturas e António Costa.
Miranda Sarmento, que defende a demissão de João Galamba, explica que o que o PSD pretende "é que o primeiro-ministro esclareça o que efetivamente aconteceu" na noite em que Frederico Pinheiro entrou nas instalações do Ministério das Infraestruturas, provocando a entrada em ação das secretas.
Quando é que o primeiro-ministro "teve conhecimento, de que forma e do que é que teve conhecimento" da chamada para o SIS e "mais importante, como é que o SIS atuou", são as perguntas colocadas por Miranda Sarmento, que atira: "O SIS atuou por ordem do primeiro-ministro?".
Questionado se António Costa deve dar explicações, mesmo que sejam por escrito, à comissão de inquérito à gestão da TAP, o dirigente social-democrata responde que "o primeiro-ministro tem o dever de dar esclarecimentos ao país no local que entender adequado, mas o mais rapidamente possível".
Insistindo nas "contradições" que considera que ficaram patentes nas audições desta semana, e sobretudo perante as explicações de João Galamba no inquérito. Miranda Sarmento regista que o ministro "voltou a dizer que tinha havido roubo do computador, corroborando o que disse o primeiro-ministro.
Mas, acrescenta o líder parlamentar do PSD, "as entidades envolvidas, o SIS e as polícias dizem que não houve roubo. Aqui temos um problema. Ou não houve roubo e o primeiro-ministro o ministro das Infraestruturas estão novamente a entrar em contradição ou houve roubo e o SIS não podia ter atuado."
Miranda sarmento nota ainda que "ainda não houve ninguém que tenha explicado qual a base legal para o SIS ter atuado daquela maneira".
Um debate semanal entre os líderes parlamentares do PSD e do PS, que pode ouvir a cada sexta-feira a partir das 23h00 e que está disponível em rr.pt e nas diversas plataformas digitais da Renascença.