A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) alerta para uma nova vaga de ataques terroristas em Cabo Delgado “com grande destruição”.
Com base em testemunhos de vários missionários, a fundação pontifícia diz que os grupos armados que atuam na região de Cabo Delgado estão novamente muito ativos, com ataques bastante violentos em várias aldeias.
“Houve ataques em várias aldeias no posto administrativo de Mazeze, de facto queimaram casas, queimaram a escolinha, fizeram uma grande destruição”, relata Frei Boaventura à Fundação AIS, explicando que “o povo está novamente em fuga, saindo do distrito de Mazeze e das aldeias em redor e indo para o distrito de Chiúre”.
Segundo a AIS, nos últimos dias têm circulado diversas notícias que dão conta de ataques violentos com a morte de dezenas de pessoas, inclusivamente de alguns cristãos que terão sido decapitados.
A Fundação AIS cita também as declarações de uma religiosa, que por razões de segurança não pode ser identificada, confirmando que se fala “na morte de 21 pessoas, dos quais 4 cristãos, e que houve decapitações, sim, mas não só de cristãos”, salvaguardando, no entanto, que não é possível ainda “confirmar ou desmentir” estes relatos.
Já uma missionária leiga contactada pela Fundação AIS refere que houve, de facto, “dois grandes ataques”, e que se “contabilizaram 21 mortos na aldeia de Nacuale, no distrito de Ancuabe, e um em Magaia”.
Nestas declarações à AIS, a missionária diz ainda que circula a informação de que “houve num grande recrutamento” de terroristas nos últimos tempos. Apesar da dificuldade na confirmação do número exato de vítimas, a religiosa sintetiza a situação dizendo que se está a viver em Cabo Delgado “um drama humanitário que atinge a todos, não apenas os cristãos”.