O governo neerlandês anunciou, esta quinta-feira, que um experiente diplomata nomeado há menos de três meses para promover o envolvimento dos Países Baixos na reconstrução da Ucrânia renunciou ao cargo devido aos comentários feitos sobre ucranianos e russos num livro.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros neerlandês adiantou que Ron van Dartel vai deixar o cargo com efeito imediato.
A ministra de Comércio Estrangeiro e Cooperação para o Desenvolvimento, Liesje Schreinemacher, "respeita a decisão e aceitou a sua renúncia", acrescentou o ministério em comunicado.
Van Dartel, ex-embaixador neerlandês na Sérvia, Polónia e Rússia, pediu a demissão devido a comentários que fez ao autor de um novo livro.
A estação televisiva neerlandesa RTL relatou que estas declarações foram incluídas, sendo que Van Dartel referiu: "Os ucranianos também são russos. Não devemos esquecer isso. Essa é a realidade."
A diplomacia neerlandesa salientou que os comentários de Van Dartel foram feitos antes da sua nomeação no início deste mês, mas apenas publicados depois deste ter assumido o seu novo cargo.
Van Dartel "percebeu que não pode mais trabalhar com credibilidade com as declarações feitas e, portanto, decidiu renunciar ao cargo imediatamente", destacou ainda o Ministério dos Negócios Estrangeiros.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas - 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,1 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa - justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 8.534 civis mortos e 14.370 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.