O líder da bancada parlamentar do PSD, Joaquim Miranda Sarmento, garante que a decisão de não comemorar os 50 anos do 25 de Novembro na Assembleia da República é da exclusiva responsabilidade de Augusto Santos Silva.
Na semana passada, o presidente do Parlamento apresentou o programa oficial das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, que vão prolongar-se por três anos, e referiu, em resposta aos jornalistas, que a data do 25 de Novembro não era consensual e por isso ficava de fora.
“Na comissão organizadora decidimos que apenas assumíamos como programa da Assembleia da República as datas e os eventos que tivessem uma leitura consensual entre nós”, disse Augusto Santos Silva.
Questionado esta segunda-feira pela Renascença sobre a posição do PSD nesta matéria, Joaquim Miranda Sarmento revelou que a decisão de excluir o 25 de Novembro foi tomada, exclusivamente, pelo presidente da Assembleia da República.
“Essa é uma decisão exclusiva do senhor presidente da Assembleia da República, que entendeu que a não consensualização devia excluir o 25 de Novembro das comemorações. Eu recordo que nós recebemos o Presidente Zelensky, por Zoom, em plenário e essa decisão também não foi consensual e o PCP não marcou presença no plenário e ainda assim recebemos o Presidente ucraniano. Não vejo razão nenhuma para não comemorar o 25 de Novembro”, disse o líder parlamentar do PSD.
Joaquim Miranda Sarmento não fica por aqui e lembra as palavras do presidente da Assembleia da República, há mais de dez anos, a propósito de uma manifestação de professores, quando Santos Silva referiu que foi Mário Soares e Salgado Zenha a lutarem pela democracia antes do 25 de Abril e depois contra a “instauração de uma ditadura comunista”.
“Recordo as palavras do Professor Augusto Santos Silva, creio que em 2007 ou 2008, quando perante uma manifestação, professores disse que a democracia em Portugal se devia a Mário Soares e Salgado Zenha, não a Álvaro Cunhal ou Mário Nogueira, porque tinha sido Mário Soares e Salgado Zenha a lutar pela democracia antes do 25 de Abril contra o Estado novo e depois do 25 de Abril, contra a instauração de uma ditadura comunista. Portanto, choca-nos que o senhor presidente da Assembleia da República não queira comemorar o 25 de Novembro, talvez com receio de irritar antigos parceiros de geringonça”, garantiu Joaquim Miranda Sarmento.
Na semana passada, Augusto Santos Silva referiu que a comissão organizadora decidiu apenas assumir as datas “consensuais” mas adiantou, questionado pelos jornalistas, que, apesar de não estar no programa oficial, podem existir sempre outras iniciativas que sejam propostas pelos grupos parlamentares ou pela conferência de líderes.
O programa das comemorações do 25 de Abril e da Constituição, da Assembleia da República, vai decorrer ao longo de três anos, com exposições, peças de teatro, debates, lançamento de livros, concurso de fotografia para jovens e documentários.