Não é fácil arrancar ao presidente da comissão das comemorações do 10 de junho o que vai dizer em Portalegre esta segunda-feira. Entre risos, João Miguel Tavares diz à Renascença que "vai ser um discurso sobre Portugal" e não quer desvendar muito porque faz "gosto que haja aquele efeito de surpresa".
Garante que vai ser ao seu estilo, sem "de repente, desligar o botão para enfiar o estilo pomposo de discurso oficial". Ora, diz o cronista e jornalista que uma coisa diferente disto "não faria sentido" e que o próprio Presidente da República já sabia ao que ia quando o convidou.
Então, podemos esperar um discurso provocador? Também não, mas que seja "pelo menos que um discurso desassombrado, em que tenha sobretudo sinceridade".
João Miguel Tavares quer falar em Portalegre, a sua terra natal, "de coisas que fazem falta ao país, para o país ser um pouco melhor do que aquilo que é", ou seja, "um país extraordinário" em que "só às vezes, era fazer um bocadinho um esforço mais, aquela ‘extra-mile’ a mais, para chegarmos um pouco mais longe".
Questionado se o que vai dizer é aquilo que o Presidente da República (PR) quer, mas não pode dizer, João Miguel Tavares desata-se a rir e desabafa que "para quem conhece este Presidente, há muito poucas coisas que ele não pode dizer", acrescentando que não conhece "nenhum Presidente que tenha dito tantas coisas e que tenha uma abertura tão grande nesse aspeto à liberdade de expressão".
O comissário das comemorações do dia de Portugal termina esta parte da conversa dizendo que "o senhor Presidente da República diz bastante mais do que qualquer outro Presidente da República que o antecedeu", assumindo que o discurso que fará "há-de ser diferente da do senhor PR", refletindo aquilo que são as preocupações do jornalista, uma visão para "um Portugal melhor".
Sendo natural de Portalegre, essa visão faz-se a partir do interior? Nada de mais errado, conclui João Miguel Tavares, que não faz "essa separação – aliás, é um dos problemas de Portugal é haver essa separação tão clara", relembrando as suas origens, uma cidade que diz adorar, onde ainda vive a família e onde vai "com uma enorme frequência".
O jornalista considera esta "uma cidade fantástica, que é uma pena que uma qualidade de vida destas não tenha um maior reflexo em termos de presenças, em termos de investimento, em presença de quadros", mas não, não fará "um discurso virado para Portalegre", será "o discurso do dia de Portugal e, portanto, é um discurso virado para Portugal".