Donald Trump fez uma declaração em vídeo, esta quarta-feira ao fim da tarde, hora de Washington, pedindo aos manifestantes que invadiram o Capitólio para voltarem para casa.
Durante a sua declaração, porém, Trump reafirmou várias vezes a sua ideia de que a eleição que determinou que Joe Biden seja o próximo Presidente foi fraudulenta e justificou a revolta dos manifestantes. Num tweet feito mais tarde disse que este dia devia ser recordado para sempre.
"Compreendo a vossa dor, compreendo que estão zangados. A eleição foi-nos roubada, ganhámos por muitos, toda a gente sabe isso, sobretudo o outro lado", disse o Presidente.
"Mas têm de ir para casa agora, precisamos de paz, precisamos de paz e de ordem, temos de respeitar as forças de segurança. Não queremos feridos. Estamos num tempo muito difícil, nunca houve um tempo assim, em que isto acontecesse, em que nos tirassem isto, a mim, a vocês, ao nosso país."
O Presidente chegou ao ponto de dizer aos manifestantes que os ama e que são especiais.
"Foi uma eleição fraudulenta. Mas não podemos fazer o jogo desta gente, precisamos de paz. Por isso vão para casa. Amamos-vos, são muito especiais. Já viram o que acontece, como os outros são tratados que são tão maus. Sei como se sentem, mas vão para casa, e vão em paz."
Pouco depois da publicação da mensagem, na rede social Twitter, a rede impediu a partilha e as respostas ao tweet, para não incitar à violência.
A declaração de Trump fica muito aquém do que Joe Biden pediu ao Presidente durante a sua declaração, em que disse que o país estava a assistir a um ataque sem precedentes à sua democracia. “Apelo ao Presidente Trump que vá à televisão agora que defenda a constituição e ponha fim a este cerco”, disse o Presidente eleito, que ainda não assumiu o cargo.
Cerca de duas horas mais tarde Trump publicou outro tweet em que voltou a apelar aos seus apoiantes que abandonem o local, mas culpou o "roubo da eleição".
"Estas coisas e eventos acontecem quando uma vitória esmagadora é tão vergonhosamente e ferozmente roubada a grandes patriotas que foram tão mal e injustamente tratados durante tanto tempo. Vão para casa com amor e em paz. Recordem este dia para sempre!"
Claramente distanciado dos acontecimentos desta quarta-feira, o vice-presidente cessante Mike Pence pede o fim imediato da violência e apela aos manifestantes para que "respeitem os agentes da lei e abandonem imediatamente o edifício".
“O protesto pacífico é um direito de todos os americano, mas este ataque ao nosso Capitólio não será tolerado e os envolvidos serão processados em toda a extensão da lei”, escreveu Pence na sua conta no Twitter.
Mike Pence, que tem sido um aliado leal do Presidente cessante, desafiou as instruções que lhe tinham sido confiadas por Trump, quando este lhe pediu para não aceitar a contagem de votos do Colégio Eleitoral, na sessão a que presidiu hoje no Congresso, para validar a vitória do democrata Joe Biden.
"O meu julgamento ponderado passa pelo facto de o meu juramento de apoiar e defender a Constituição me impedir de reivindicar autoridade unilateral para determinar quais os votos eleitorais que devem ser contados e quais os que não devem", disse Pence, numa declaração divulgada minutos antes de começar a presidir a sessão conjunta do Congresso.