“É tão triste ver homens e mulheres consagrados que não têm sentido de humor, que levam tudo a sério”, afirma o Papa na mensagem vídeo que enviou aos participantes do Congresso da Vida Religiosa da América Latina e do Caribe, e que foi divulgada pelo site "Vatican News". O encontro, que decorre online, começou esta sexta-feira e prolonga-se até domingo.
Na mensagem, Francisco fala da alegria como “expressão mais alta da vida em Cristo”, considerando que constitui “o melhor testemunho que podemos oferecer ao santo povo fiel de Deus, a quem somos chamados a servir e acompanhar”.
“Estar com Jesus é estar alegre”, afirma, lembrando que a alegria pode ter muitas formas. “Paz, gozo, sentido de humor. Por favor, peçam esta graça!”, diz o Papa, recomendando aos religiosos e religiosas que leiam o capítulo da Exortação sobre a Santidade que dedicou ao sentido de humor.
“Unidade não é uniformidade”, fiz Francisco
Na mensagem Francisco fala, também, do desafio que a inculturação da fé constitui para a vida consagrada, e pede aos participantes no Congresso que não esqueçam o binómio "inculturar a fé, evangelizar a cultura”.
Para o Papa, é importante assumir diferenças e valorizar particularidades, numa “saudável e aberta interculturalidade”, sem esquecer que “quem faz a harmonia é o Espírito Santo”.
“Quanto bem nos poderia fazer descobrir que a unidade não é uniformidade, mas pluriforme harmonia”, afirma o Papa, que deixa um alerta: quando esta inculturação não acontece, diz, “a vida cristã e, mais ainda a vida consagrada, acaba nas posturas gnósticas mais aberrantes e mais ridículas”, de que é exemplo o “uso indevido da liturgia”.
O Papa lembra, ainda, que a vida consagrada “é especialista em comunhão”, e é “itinerante e promotora de fraternidade”, não deve, por isso, cair na “tentação da sobrevivência”, que só valoriza quantos religiosos e religiosas cada Congregação tem.
Para Francisco, há que renunciar ao “critério dos números” e da “eficácia”, que transforma os religiosos em “discípulos temerosos, fechados no passado e abandonados à nostalgia”, e propõe que se faça o “caminho da esperança”, evangelizando pelo testemunho, “e o resto deixar ao Espírito Santo”.