O primeiro-ministro António Costa declarou esta sexta-feira a greve dos enfermeiros "absolutamente ilegal" e "selvagem", garantindo que o Governo "vai recorrer a todos os meios legais que estiverem ao seu alcance para impedir que haja a prática do recurso ilegal à greve".
Costa garantiu ainda que o “abuso do direito" à greve por parte dos enfermeiros estará a "prejudicar os doentes".
"Aquilo que é o exercício da actividade sindical, que é o exercício legítimo do direito à greve, não deve ser confundido com práticas que não são greves cirúrgicas, mas, sim, greves selvagens, que visam simplesmente atentar contra a dignidade dos doentes, contra a função do Sistema Nacional de Saúde, e que são absolutamente ilegais", defendeu António Costa, durante uma visita a Torre de Moncorvo.
Por fim, e referindo-se, ainda que sem precisar, à Ordem dos Enfermeiros -- cuja bastonária é Ana Cavaco, militante do PSD --, o primeiro-ministro garantiu que nesta greve convocada pela Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros (ASPE) e pelo Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor) estão envolvidas também "instituições que legalmente estão expressamente proibidas de terem qualquer atividade sindical".
A ministra da Saúde, Marta Temido, já havia dito na quarta-feira que o Governo equaciona recorrer a meios jurídicos face à nova greve dos enfermeiros nos blocos cirúrgicos de sete hospitais públicos (São João e Centro Hospitalar do Porto, Centro de Entre Douro e Vouga, Gaia/Espinho, Tondela/Viseu, Braga e Garcia de Orta), uma greve que teve início esta quinta-feira e que se prolonga até 28 de fevereiro – isto depois de as negociações com as estruturas sindicais terem terminado de forma inconclusiva.
O Governo estará igualmente a ponderar recorrer à requisição civil para travar esta "greve cirúrgica". Ontem, no primeiro dia de uma paralisação que se prolongará até 28 de fevereiro, pelo menos 261 cirurgias marcadas para o período da manhã em cinco hospitais da região Norte foram adiadas, garantiu a ASPE.