Pedro Passos Coelho e António Costa não conseguem largar a temática da austeridade e da troika. Apesar de a questão lançada pelo jornalista Paulo Baldaia, da TSF, incidir sobre política europeia, os líderes dos dois partidos voltaram a trocar acusações no âmbito de política interna.
Admitindo que “o Syriza adoptou a estratégia errada”, o secretário-geral do PS insistiu ser “necessário virar a página da austeridade”, uma vez que não dá resultados.
“O dr. Passos Coelho ficará na história como o primeiro primeiro-ministro que chegou ao fim do seu mandato com um PIB inferior àquele com que começou”, criticou Costa, lembrando que o actual Governo “foi além da troika”.
Na resposta, Passos acusou o anterior Governo do PS de não ter evitado a vinda da troika.
“A austeridade em Portugal foi aquela que os senhores consentiram que a realidade nos impusesse. Tiveram muito tempo para evitar que a austeridade fosse tão grande”, afirmou o actual primeiro-ministro, sublinhando que conseguiu “renegociar os objectivos” antes estabelecidos com a troika.
“A austeridade teria sido evitada se o PS não tivesse conduzido o país à quase bancarrota e é essa responsabilidade que continua a não admitir”, afirmou ainda, defendendo depois que as propostas com que o PS se apresenta nas eleições de 4 de Outubro são semelhantes às do anterior Governo socialista e, nessa medida, “uma aventura em que os portugueses não devem embarcar”.
António Costa, por seu lado, foi buscar um artigo escrito por Passos Coelho para o "Wall Street Journal" antes de ser primeiro-ministro, no qual defendia que a austeridade como caminho.
O secretário-geral socialista acrescentou depois que o líder social-democrata afirmou que “o PEC IV não ia suficientemente longe na austeridade” e acusou-o de ter levado a cabo uma “terapia de empobrecimento” por acreditar que “vivíamos acima das possibilidades.”
“E foi mesmo além da troika. Por isso digo que o nosso problema, mais do que a troika, é este Governo”, concluiu.