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O Presidente da República considera que um desconfinamento acelerado “por cansaço” transmite “um sinal errado de facilidade”, numa altura em que “o número de internados ainda é quase o dobro do indicado” e o número de doentes em cuidados intensivos “é mais do dobro do aconselhado para evitar riscos de novo sufoco” para o Serviço Nacional de Saúde.
Na mensagem dirigida ao país, em que explicou as razões para mais uma renovação do estado de emergência, Marcelo Rebelo de Sousa advertiu que “nunca se pode dizer que não há recaída ou recuo e os números que nos colocaram no lugar de piores da Europa e do Mundo não são de há um ano ou de há meses, são de há um mês… tal como de há três semanas são as filas de ambulâncias à porta dos hospitais”.
Marcelo diz compreender a fadiga que alimenta os argumentos de quem defende uma reabertura da sociedade, quando os números de novos infetados e de vítimas mortais caiu de forma significativa em relação ao início do ano.
“Desconfinar seria sedutor”, reconhece o Presidente que, por outro lado, insiste que “temos de ganhar até à Páscoa o verão e o outono deste ano”.
“A Páscoa é um tempo arriscado para mensagens confusas e contraditórias, como, por exemplo a de abrir sem critério antes da Páscoa, para nela fechar logo a seguir, para voltar a abrir depois dela. Quem levaria a sério o rigor pascal?”, questionou.
E avisou que a alternativa à continuação do confinamento, pelo menos, até essa altura “poderia ser ter de tomar, mais tarde, as mesmas medidas multiplicadas por dois ou por três”.
“Pior do que vivem agora a economia, a sociedade, a saúde mental e as escolas, só mesmo se tivermos de regressar ao que acabamos de viver daqui a semanas ou meses”, acrescentou.
Referindo-se aos defensores de um desconfinamento, a começar pelas escolas, já durante o mês de março, o Chefe do Estado contrapôs com o atraso na entrega das vacinas: “provavelmente, no próximo mês e mês e meio [não haverá] vacinação que garanta tudo o que se quer garantir, desde logo nas escolas, sabemos que testar e rastrear a escassíssimas semanas nos termos que permitam a segurança necessária poderá ser complicado, mesmo só para as escolas”, disse o Presidente.
Essencial, diz Marcelo, é planear, já, o regresso à normalidade possível, “que se estude e prepare com tempo e bem o dia seguinte, mas que se escolha melhor ainda esse dia, sem precipitações para não se repetir o que já se conheceu”.
“Nunca se confunda estudar e planear com desconfinar”, porque “um povo que não conhece a sua história está condenado a repeti-la”.
E terminou com um apelo à memória de um ano de pandemia, garantido que “não cometeremos os mesmos erros e temos a certeza de que, se formos sensatos, o pior já passou”.