Numa nota pastoral “ao Povo de Deus da Diocese do Porto”, D. Manuel Linda começa por referir que “na longa história da Igreja, poucas vezes terá havido suspensão das celebrações coletivas da fé e, certamente, nunca terá acontecido em tantos países, em simultâneo, como nesta Quaresma e Páscoa”.
“Não obstante a tristeza profunda que isso nos gera, tem de ser. É que a caridade cristã, neste momento, passa, fundamentalmente, por confinar o vírus e evitar mais contágios e sofrimentos”, refere o bispo do Porto que, porém, recorda que “mesmo que não possamos reunir o povo de Deus em assembleia santa para rememorar os acontecimentos centrais da nossa salvação e entoar os louvores do Deus Salvador, nem por isso deixaremos de celebrar esses mistérios e de nos darmos conta de que, não obstante tudo, o mistério de amor manifestado pelo Senhor Jesus é mais forte do que todos o vírus e todas as nossas angústias”.
Com o título “Ele ressuscitou e vive ao nosso lado”, a nota reflete em seis pontos sobre a Igreja. Primeiro, sobre “uma Igreja doméstica; depois, sobre “uma Igreja reunida”, a que se segue “uma Igreja Unida, uma Igreja Santificada, uma Igreja caritiva e uma Igreja de Esperança”.
O bispo do Porto termina o seu texto com uma referência ao Papa Francisco na “celebre ‘oração pela humanidade’”.
“No meio deste isolamento que nos faz padecer a limitação de afectos e encontros e experimentar a falta de tantas coisas, ouçamos mais uma vez o anúncio que nos salva: Ele ressuscitou e vive ao nosso lado. Da sua cruz, o Senhor desafia-nos a encontrar a vida que nos espera, a olhar para aqueles que nos reclamam, a reforçar, reconhecer e incentivar a graça que mora em nós. Não apaguemos a mecha que ainda fumega (cf. Is 42, 3), que nunca adoece, e deixemos que se reacenda a esperança”, recorda.
Na missa do Domingo de Ramos que celebrou sozinho, na Basílica de São Pedro, o Papa renovou o apelo à solidariedade com os que sofrem e estão sozinhos e afirmou que a atual pandemia obriga a Humanidade a centrar-se no essencial.
“O drama que estamos a atravessar impele-nos a levar a sério o que é sério, a não nos perdermos em coisas de pouco valor; a redescobrir que a vida não serve, se não é para servir. Porque a vida mede-se pelo amor”, disse Francisco na homilia.