A Ordem dos Enfermeiros e o Governo Regional dos Açores admitiram hoje haver falta de enfermeiros em alguns lares de idosos da região e vão fazer um levantamento das necessidades em conjunto.
“Continuamos a defender que há falta de enfermeiros. Uma das questões que nos preocupa são as instituições mais pequenas. É este levantamento que temos de fazer. Temos a noção de que faltam, queremos saber ao certo quantos”, avançou o presidente da secção regional dos Açores da Ordem dos Enfermeiros, em declarações à agência Lusa.
Pedro Soares falava à margem da assinatura de um acordo de cooperação com a Secretaria Regional da Solidariedade Social, que prevê a realização de visitas conjuntas da Ordem dos Enfermeiros e do Instituto de Segurança Social dos Açores de acompanhamento das estruturas residenciais para pessoas idosas.
“Faltava fazer um levantamento das reais necessidades, porque nós temos alguma noção, mas a Ordem dos Enfermeiros é da opinião de que é imperativo nos Açores fazer este levantamento o mais rapidamente possível”, acrescentou.
Também a secretária regional da Solidariedade Social, Andreia Cardoso, admitiu que, em alguns lares de idosos, nas ilhas mais pequenas, há falta de enfermeiros.
Segundo Andreia Cardoso, os Açores têm 32 instituições com estrutura residencial para pessoas idosas, que integram 67 enfermeiros e cerca de 1.300 utentes.
“Temos uma média de um enfermeiro para cada 20 utentes. Continuamos a identificar algumas necessidades, nomeadamente nas estruturas de menor dimensão, onde a necessidade dos enfermeiros, que é importante e relevante, tem sido suprida por recurso ao Serviço Regional de Saúde”, salientou.
Para a governante, é importante “garantir o estreitamento dos profissionais que estão no Serviço Regional de Saúde e este tipo de infraestruturas”.
O acordo de cooperação prevê ainda a sensibilização das Misericórdias e Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) para a necessidade de integrarem enfermeiros nas suas equipas multidisciplinares.
Andreia Cardoso revelou que está a decorrer um trabalho com as uniões das misericórdias e IPSS para que, “em função do financiamento que é assegurado pela Segurança Social, por via dos contratos de cooperação, seja possível também promover uma valorização remuneratória” dos enfermeiros.
“É preciso outro aspeto que é garantir a estabilidade deste pessoal de enfermagem nestas unidades”, sublinhou.
Quanto à colaboração com a Ordem dos Enfermeiros nas visitas aos lares, que deverá arrancar ainda este ano, Andreia Cardoso disse que vai permitir avaliar “as correções que são necessárias efetuar, quer ao nível da gestão de recursos humanos, da própria resposta social, mas também ao nível das infraestruturas”.
A Secretaria Regional da Solidariedade Social vai financiar, por outro lado, a formação contínua dos enfermeiros integrados nestas infraestruturas, umas das carências detetadas pela ordem.
“Temos muitos enfermeiros que começam a sua carreira nos lares de idosos e era fundamental garantir aqui algum acompanhamento e formação a estes profissionais. São necessários cuidados específicos, são unidades com as suas particularidades e, portanto, naturalmente que essa foi uma necessidade comum identificada por ambas as partes”, frisou a secretária regional.