E se as alterações climáticas prejudicassem também o sabor da cerveja? Um estudo da Nature Communications, realizado na Alemanha, República Checa e Eslovénia, concluiu, que até 2050, a cerveja será mais cara e o sabor da cerveja não vai ser o mesmo, devido ao declínio da produção de lúpulo.
O estudo pretendia compreender a influência das mudanças de temperatura e precipitação nas plantações de lúpulo, planta que confere o paladar ácido à bebida.
Esta planta não se adapta a climas quentes e secos e com as temperaturas cada vez mais elevadas, a sua produção pode ser prejudicada, alertam os investigadores.
Para uma cerveja é preciso água, cada vez mais escassa, malte, levedura e a planta lúpulo, que está a ser afetada pelas alterações climáticas.
"Os que bebem cerveja certamente verão as alterações climáticas, seja no preço ou na qualidade”, disse Miroslav Trnka, coautor do estudo.
Das simulações realizadas pelos investigadores da Nature Communications, “todos os cenários previam um declínio na produção de lúpulo entre 12% e 35% ao longo de 2021-2050 em todas as principais regiões produtoras de lúpulo na Europa, com a Eslovénia, Portugal e Espanha a apresentarem os declínios mais pronunciados”. A lúpulo tem sido mais utilizada na cerveja, devido à produção artesanal.
O artigo científico refere a importância de serem implementadas “medidas de adaptação imediatas para estabilizar um setor global em constante crescimento”.
O relatório da Nações Unidas prevê o aumento da temperatura global de 1,5 graus Celsius. Além disso, a Organização Meteorológica Mundial revela que os últimos oito anos foram os mais quentes e que a continuação do agravamento das alterações climáticas, “trouxe mais secas inundações e ondas de calor para várias partes do mundo, ameaçando vidas e meios de subsistência”.