A Noruega indicou hoje que retomará a ajuda financeira contra a desflorestação da Amazónia no Brasil após a eleição de Lula da Silva, congelada durante o Governo do Presidente brasileiro demissionário, Jair Bolsonaro.
O anúncio foi feito pelo ministro do Meio Ambiente norueguês, Espen Barth Eide, após a vitória do líder progressista brasileiro, que desde a campanha eleitoral prometeu atuar para conter a destruição da maior floresta tropical do planeta.
"Em relação a Lula [da Silva], nós observamos que, durante a campanha, ele enfatizou a preservação da floresta amazónica e a proteção dos povos indígenas da Amazónia", disse o representante do governo norueguês.
"Por isso estamos ansiosos para entrar em contacto com suas equipas, o mais rápido possível, para preparar a retomada da colaboração historicamente positiva entre Brasil e Noruega", acrescentou.
Governos, políticos e ambientalistas comemoraram a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva como novo Presidente do Brasil e seu compromisso com o que será uma nova era para salvar a Amazónia da degradação "perto de um ponto de não retorno" depois de ter aumentado a sua devastação nos últimos anos, devido à política ambiental do Presidente demissionário.
Desde que Jair Bolsonaro chegou ao poder no Brasil, em janeiro de 2019, a desflorestação vem aumentando progressivamente, chegando a 13.235 quilómetros quadrados na área devastada da Amazónia em 2021, segundo os últimos dados oficiais, embora sem atingir o pico de destruição de 1995, com 29.059 quilómetros quadrados, ou 27.772 em 2004, quando começou a declinar, com Lula da Silva no governo.
Ambientalistas também expressaram satisfação com a vitória de Lula da Silva e seu compromisso com o meio ambiente e a defesa da Amazónia.
De acordo com os mais recentes dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, dentro do projeto de monitoramento por satélite (Prodes), a taxa estimada de desflorestação na Amazónia brasileira foi de 13.235 quilómetros quadrados de 01 de agosto de 2020 a 31 de julho de 2021.
Dos grupos ambientalistas, Juan Carlos del Olmo, secretário-geral do Fundo Mundial para a Natureza (WWF, na sigla em inglês), alertou que a Amazónia está "à beira de uma virada catastrófica, devido ao desmatamento desenfreado dos últimos anos".
Não só pela destruição em larga escala da biodiversidade e pela violação dos direitos indígenas, acrescentou, mas também porque enormes áreas de florestas primárias - até agora sumidouros - tornaram-se emissores de carbono, agravando o aquecimento global.
Miguel Ángel Soto, chefe da campanha florestal da organização Greenpeace, também comemorou a mudança de Governo no Brasil e disse que continuarão "a criticar e pressionar governos e empresas" a favor do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável no Brasil.
O ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, João Gomes Cravinho, valorizou, entre outras coisas, a promessa de Lula da Silva de desflorestação zero na Amazónia, "uma medida fundamental para combater as mudanças climáticas e a perda de biodiversidade".
Outras lideranças, como o chanceler alemão, Olaf Scholz, pediram cooperação com o novo Governo brasileiro na luta contra as mudanças climáticas.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, considerou que se abre um novo capítulo na história do Brasil para enfrentar muitos desafios comuns com a França, que é um dos países que bloqueia a ratificação do acordo da União Europeia com o Mercosul (bloco formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai) devido ao aumento da desflorestação na Amazónia.
Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito Presidente do Brasil com 50,90% dos votos e derrotou Jair Bolsonaro (extrema-direita), que obteve 49,10%. Com 77 anos, Lula da Silva vai ser o 39.º Presidente do Brasil, depois de já ter cumprido dois mandatos como chefe de Estado, entre 2003 e 2011. É a primeira vez na história democrática recente do Brasil que um recandidato regressa ao Palácio da Alvorada depois de uma vitória na segunda volta.