A polícia brasileira deteve esta sexta-feira Roberto Jefferson, líder do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e aliado do Presidente do país, Jair Bolsonaro, numa investigação sobre grupos digitais que divulgam notícias falsas.
A prisão de Jefferson, que foi deputado federal e participa da política brasileira desde 1970, foi autorizada pelo magistrado do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes a pedido da Polícia Federal (PF) e não tem prazo para ser revogada.
O ex-deputado foi preso na cidade de Levy Gasparian, localizada no interior do estado brasileiro do Rio de Janeiro.
A investigação começou em 2019 limitada à divulgação de notícias falsas disseminadas pela Internet, mas recentemente se concentrou na possível existência do que tem sido descrito como grupos "digitais antidemocráticos" que defendem ideias de extrema-direita e também o atual Governo brasileiro.
Entre os investigados nesse processo está o próprio Presidente Bolsonaro, que nos últimos meses lançou uma contínua campanha de descrédito contra as urnas eletrónicas utilizadas nas eleições do Brasil desde 1996.
Na sua decisão, o juiz do STF considerou que foi "inequivocamente demonstrada no processo os fortes indícios de materialidade e autoria dos crimes de calúnia, difamação, injúria" alegadamente praticados por Jefferson.
Moraes lembrou que o político chegou a pedir o fecho do STF e a suspensão de todos os magistrados do tribunal para acabar com a independência do judiciário.
"A Constituição Federal não permite a propagação de ideias contrárias à ordem constitucional e ao Estado de Direito, nem permite manifestações nas redes sociais visando a quebra do Estado de Direito", frisou Moraes.
Jefferson era aliado do Governo do ex-presidente Fernando Collor de Mello, que renunciou em 1992 quando era investigado por corrupção, e mais tarde esteve na base de apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em 2005, Jefferson denunciou um escândalo de suborno parlamentar conhecido como Mensalão, do qual ele mesmo participou.
Por esta questão, o presidente do PTB foi condenado a sete anos de prisão, mas, após cumprir a pena, ingressou no Governo de Michel Temer e em 2018 promoveu sua filha Cristiane Brasil a ministra do Trabalho.
A nomeação, aprovada por Temer, foi anulada pelo STF porque Cristiane Brasil respondia perante a Justiça por corrupção e violação da legislação trabalhista em processos movidos por ex-funcionários.
Nos últimos anos, Jefferson tornou-se aliado de Jair Bolsonaro e passou a defender ideias de extrema-direita e temas também defendidos pelo Governo brasileiro como o aumento do acesso às armas.