A bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco, diz que é sempre bom sinal reconhecer que os problemas existem.
Ana Rita Cavaco refere-se à mensagem de Natal do primeiro-ministro António Costa, em que este reconheceu que havia problemas no Sistema Nacional de Saúde.
Ana Rita Cavaco lembra ainda assim que "não se podem fazer promessas que depois não se pode cumprir". A bastonária pede mais organização, e melhor acesso à saúde.
“É sempre um bom sinal reconhecer que existem problemas, porque há quatro anos quando a Ordem começou a denunciar as insuficiências do SNS o senhor primeiro-ministro fez-nos uma guerra medonha.”
“Esperamos com tranquilidade que este reconhecer do problema que existe com o SNS seja para efetivamente olhar para a insuficiências e desorganização que ele também tem, porque não é só a questão do dinheiro: temos hoje muita falta de acessibilidade, que é diferente em vários pontos do país, e não chega pegar em dinheiro e dizer que vamos dar incentivos. Temos de perceber porque é que temos tantos anos de espera para consultas, cirurgias, antes de começar a atirar dinheiro para cima de incentivos”, acrescenta.
Perante a mensagem de António Costa, a bastonária diz que está com “uma expetativa moderada, porque apesar de tudo gosto de ser otimista e gosto de poder dar o benefício da dúvida e acreditar nas pessoas.”
“Mas tem de existir um investimento nos cuidados de saúde primários, nas unidades de cuidados na comunidade, porque prestam cuidados mais eficazes e mais baratos às pessoas, deixar de ter um sistema centrado nos hospitais e um sistema centrado nos profissionais e sobretudo numa classe profissional. O sistema tem de estar centrado nas pessoas e nas suas necessidades”, afirma.
Já o presidente da Associação de Administradores Hospitalares admite que “estamos perante um virar de página” em relação ao SNS.
Alexandre Lourenço espera que esta mudança permita pôr o SNS mais ao serviço dos portugueses.
“Pelo menos dá nota de um virar de página para o SNS, que agora terá de ser concretizado. Damos nota de que o dinheiro que foi anunciado para o SNS trata-se essencialmente não de mais dinheiro, mas de uma nova política de gestão orçamental, ou seja, na prática, as instituições, à partida, terão um financiamento gerível a partir da aprovação do orçamento, e não do final do ano e agora o que esperamos é um tornar de página que permita o desenvolvimento do SNS para que ele possa efetivamente dar resposta às necessidades dos portugueses.”
Alexandre Lourenço encontra por outro lado na mensagem do primeiro-ministro um sinal positivo para um sector que tem sido marcado por uma elevada conflitualidade e espera que se esteja diante de “um virar de página para o setor, em que o setor consiga, de uma forma agregada encontrar respostas. Nos últimos anos temos tido elevada acrimónia entre os atores, uma elevada conflitualidade e para que o próprio setor se consiga estabilizar e proporcionar melhores serviços, terá de existir alguma calma e, na prática, agregar os atores e esperamos que o primeiro-ministro esteja à altura desta tarefa e todas as pessoas do SNS desejam que este serviço público seja o melhor possível.”
A Renascença tentou também, sem sucesso até ao momento, um comentário do Bastonário da Ordem dos Médicos.