O poder político infantiliza a luta dos jovens contra as alterações climáticas e critica a classe política por ter falta de vontade na aproximação dos mais novos.
A opinião é Carla Malafaia, investigadora da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto.
Questionada sobre a mobilização dos mais novos na luta pelo ambiente, Carla Malafaia conclui que “estas mobilizações são muito vistas como infantis e politicamente apáticas”, num discurso “que muitas vezes se ouve que ‘os jovens querem é faltar à escola’”.
Em declarações ao podcast “Compromisso Verde”, uma parceria da Renascença com a Euranet Plus, Carla Malafaia considera urgente uma aproximação entre os mais novos e a classe política, mas tem faltado vontade.
“É uma questão de vontade política, de facto, e talvez essa vontade política não seja tão estruturada como deveria”, diz, considerando que não é possível “ouvir aquele tipo de discursos políticos na televisão em que nos dizem que os jovens são realmente os grandes protagonistas e os grande agentes de mudança no que toca à crise climática, mas depois não considerarmos de facto aquilo que eles têm a dizer sobre a gestão da crise climática e sobre como a gestão da crise climática deve ser conduzida a nível nacional, a nível regional”.
Carla Malafaia identifica ainda falta de visibilidade da mobilização dos jovens, que muitas vezes não é apoiada nem sequer pela família.
“Quando olhamos para a investigação e o papel que adultos mais próximos destes ativistas climáticos têm na mobilização dos ativistas não é um papel muitas vezes de suporte como seria de esperar, até às vezes há esta narrativa também dos pais de que ‘isto não é eficaz, este tipo de mobilizações não serve para grande coisa’”, conclui esta investigadora.