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O ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior disse esta segunda-feira no Porto que “não há discriminação” dos professores do ensino superior relativamente à vacinação, porque “o contacto entre estudantes e docentes é muito inferior aos outros graus de ensino”.
“Este é um processo massivo, há falta de vacinas ainda e, por isso, as orientações da task force têm de ser seguidas. Este é um problema de saúde e não podemos estar com algumas intrigas corporativistas”, considerou Manuel Heitor.
O ministro falava aos jornalistas durante uma visita a um dos dez centros de testagem à covid-19 da Universidade do Porto, a funcionar no edifício histórico do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), no dia em que se reiniciam as aulas e as atividades não letivas essenciais.
Questionado sobre a exclusão dos professores universitários da vacinação nesta fase, o ministro garantiu que “não há uma discriminação” referindo que a retoma no ensino superior está a ser feita com “sistemas híbridos”.
“Obviamente temos períodos de contacto entre os estudantes e os docentes muito inferiores a todos os outros níveis de ensino, sobretudo ao ensino básico e, por isso, o ensino superior tem condições, características que também são muitos diferentes do ensino básico. Não vejo uma razão para se tomar todas as decisões semelhantes”, sustentou.
Em seu entender, “o que é importante é ter uma retoma responsável, um reinicio responsável, e garantir que é minimizado o impacto da pandemia nas condições de aprendizagem dos estudantes”.
Nas visitas que realizou na semana passada, Manuel Heitor disse ter verificado que o processo de testagem está “a decorrer dentro normalidade possível” e destacou o apoio de instituições como o Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) e da Cruz Vermelha Portuguesa, que “já disponibilizou mais de 250 mil testes para garantir ao longo das próximas semanas um processo contínuo e sistemático de testagem em todo o país, em articulação com as autoridades de saúde”.
“Sabemos que vivemos tempos sem precedentes e de grande pressão, de novas formas de ensinar e de aprender, onde as tecnologias de ensino à distancia têm muitas vantagens, mas também trouxeram problemas novos. Por isso, a necessidade de estarmos constantemente a acompanhar o processo, e tenho apelado a todo os dirigentes para uma atenção específica aos estudantes e à forma como estão a reagir”, afirmou.
Manuel Heitor recordou que este ano letivo se registou “o maior ingresso desde sempre nas universidades” e que, “hoje há mais de metade dos jovens de 20 anos no ensino superior”.
“Temos de ir adaptando os sistemas de ensino e aprendizagem a uma nova realidade, em Portugal e no mundo, certamente introduzindo os temas à distancia e o digital, mas também sabemos que há atividades presenciais que são insubstituíveis, o contacto entre jovens e a presença ativa com investigadores e docentes é certamente imprescindível e por isso temos de arranjar um compromisso”, acrescentou.
Em relação ao processo de avaliação dos alunos, o ministro referiu que “o ensino superior tem muitas características” e que a “avaliação tem que ser claramente decidida no âmbito dos conselhos pedagógicos e nos termos da lei, tendo as instituições, ao nível dos cursos, total autonomia para decidir”.
O “Programa de testagem CVP - Ensino Superior” iniciou-se no dia 12 de abril realizando o rastreio à covid-19 junto dos estudantes, investigadores, docentes e não docentes através de testes rápidos de antigénio.
O “Programa de testagem CVP - Ensino Superior”, promovido pela Direção-Geral do Ensino Superior (DGES) e pela Direção-Geral da Saúde (DGS) em articulação com a Cruz Vermelha Portuguesa (CVP), prevê a entrega às instituições científicas e de ensino superior, públicas e privadas, de ‘kits’ de testes rápidos de antigénio disponibilizados pela CVP (sem custos adicionais para as instituições), tendo até agora sido entregues 247.650 mil kits.
A estratégia de rastreio prevê ainda a possibilidade de as instituições científicas e de ensino superior, públicas e privadas, garantirem internamente as condições adequadas para a realização de testes, e a formação de recursos humanos das próprias instituições que possam proceder à realização massiva dos testes.