O Governo norte-americano abriu esta terça-feira um processo judicial contra Edward Snowden, sob o argumento de que o novo livro de memórias do analista de sistemas informáticos, hoje lançado simultaneamente em 20 países, viola os acordos de confidencialidade que o denunciante assinou com a CIA e a NSA quando trabalhou para essas agências de informação.
No processo, o Departamento de Justiça dos EUA alega que Snowden violou esses acordos ao não enviar um rascunho do livro para as duas agências antes da sua publicação, para que estas pudessem censurar partes sensíveis. Também argumenta que os discursos públicos que Snowden tem proferido sobre "questões relacionadas com espionagem", inclusivamente nas Conferências do Estoril de 2017, violam esses mesmos acordos.
Com este processo, os Estados Unidos não pretendem que o livro seja retirado de circulação, antes que todos os lucros das vendas revertam para o Governo.
"As informações recolhidas [pelas agências de espionagem] devem proteger a nossa nação, não servir para proveito pessoal", refere Zachary Terwilliger, procurador dos EUA no distrito leste de Virginia, onde o processo irá agora decorrer. "Este processo pretende garantir que Edward Snowden não recebe quaisquer benefícios monetários por violar a confiança que foi depositada nele."
Edward Snowden foi catapultado para a ribalta em 2013, ao revelar a existência de um sistema de vigilância mundial de comunicações e de internet criado e usado secretamente pelas agências de espionagem dos EUA. Na sequência das revelações, foi formalmente acusado de espionagem e de apropriação de segredos do Estado.
O analista de sistemas informáticos vive exilado na Rússia desde então, tendo esta semana pedido a França que aceite conceder-lhe asilo político.
O seu novo livro, intitulado "Vigilância Massiva, Registo Permanente" na versão portuguesa, chegou aos escaparates de 20 países esta terça-feira. Em Portugal tem chancela Planeta.