"Os veículos novos do grupo Volkswagen com motores diesel UE 6, actualmente disponíveis na União Europeia, estão em conformidade com os requisitos legais e as normas ambientais", anunciou em comunicado a construtora alemã. No mesmo documento é dito que os veículos "com motores tipo EA 189, envolvendo cerca de onze milhões de automóveis em todo o mundo", poderão ter discrepâncias nos dados das emissões.
A Volkswagen acrescenta estar a trabalhar "intensamente para eliminar as discrepâncias através de medidas técnicas", estando em contacto com as autoridades competentes, principalmente a KBA (Autoridade Federal Alemã de Transportes).
Pressão aumenta sob o CEO
O escândalo que envolve a Volkswagen (VW), que recentemente assumiu mentir sobre a emissão de gases nos veículos a diesel, está a deixar o presidente executivo da construtora alemã, Martin Winterkorn, sob pressão. Há analistas que pedem a sua demissão.
O efeito "boomerang" desta crise, que se iniciou com os testes nos Estados Unidos, alastrou à Coreia do Sul que assumiu poder estar para breve o lançamento de uma investigação própria. O ministro das Finanças francês, Michel Sapin, também já advertiu para a necessidade de a União Europeia fazer testes aos carros.
Entretanto, as acções da Volkswagen caíram para o mínimo dos últimos três anos, continuando a queda de 19% de segunda-feira depois da multinacional ter admitido ter adulterado os dados da emissão de gases tóxicos.
O maior construtor europeu pode agora enfrentar o pagamento de multas de 16 mil milhões de euros (18 mil milhões de dólares) nos Estados Unidos, tal como as expectáveis acções dos clientes lesados podem levar a prejuízos incalculáveis sobre a imagem da VW.
Haverá consequências para a administração?
A construtora automóvel atribui o excesso de emissão de gases tóxicos com “várias questões técnicas” e o aparecimento de condições não esperadas no “terreno”. A administração da Volkswagen vai reunir esta quarta-feira para discutir a crise, e tinha também prevista para a próxima sexta-feira um encontro para prolongar o contrato do CEO, Martin Winterkorn, até ao fim de 2018.
"Estou certo de que haverá consequências pessoais no fim deste processo. Não há dúvidas disso”, disse Olaf Lies, elemento da administração da VW à radio Deutschlandfunk.
A pressão dos analistas em relação à liderança de Winterkorn está a aumentar. "Ou ele sabia dos procedimentos da empresa no Estados Unidos ou não lhe eram reportados”, explica um desses analistas, Arndt Ellinghorst. " No primeiro caso, ele deve-se demitir imediatamente, caso se aplique a segunda hipótese alguém precisa de perguntar porque é que uma situação destas não é reportada à liderança. Em qualquer dos casos, as coisas ficam difíceis para ele”, remata.
As autoridades dos Estados Unidos abriram uma investigação
criminal contra o grupo Volkswagen, que admitiu ter falseado as emissões de
gases poluentes em cerca de meio milhão de carros a gasóleo vendidos naquele
país. Será realizada pela divisão do Departamento de Justiça dos EUA,
responsável pelas questões relacionadas com os recursos naturais, adiantou a
mesma fonte sob condição de anonimato.