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Foram três dias, mais um de pré-Summit, em que Lisboa viveu imersa num ambiente que uns chamarão de histeria, outros de afirmação de uma cidade que não é “Silicon Valley” nem a “New Berlin”. É uma cidade sem muros e que quer muito, muito estar numa relação séria com os empreendedores.
Com isto em mente, o país – o primeiro-ministro a abrir, o Presidente da República a fechar – jogou com aqueles que julga serem os seus melhores argumentos. E, pelo meio, secretários de Estado e ministros deram aquele toque institucional e a carregarem na tecla do “incrível”.
Para quem não entrou no “ecossistema empreendedor” e quer saber o que de mais importante lá se passou, a Renascença – que acompanhou tudo em directo – resume em dez pontos mais de 50 trabalhos jornalísticos que publicou sobre o evento.
1. LISBOA
Foi uma resposta muito positiva da capital portuguesa a mais um evento planetário. O secretário de Estado da Indústria, João Vasconcelos, afirmou que “eles” “estão completamente arrasados: não é só o sol, as infra-estruturas, a parte histórica da cidade que os apaixona (a Baixa, o Chiado, o Bairro Alto), é a maneira como os portugueses os receberam”.
O Meo Arena, a FIL e o Pavilhão de Portugal deram respostas muito capazes. Em termos de infra-estrutura e de organização, as notas são extremamente positivas. Tanto que os organizadores já pensam colocar mais 30 mil pessoas além das 50 mil que estiveram lá este ano.
E depois há os preços. No balanço da cimeira, Paddy Cosgrave, presidente da Web Summit, não se esqueceu de elogiar o café espectacular de Portugal e o seu preço, ainda mais incrível, 60 cêntimos. “Awesooooome”.
2. REDE WI-FI
Quando a tecnologia falha num evento tecnológico é sempre um pouco embaraçoso. O wi-fi foi um dos motivos que levou Paddy Cosgrave a trazer o evento para Lisboa. E as coisas até começaram por não correr muito bem na cerimónia de abertura, que abriu uma "guerra" entre a Vodafone e a Meo (com António Costa pelo meio). Mas o balanço final é de que as coisas até acabaram por correr razoavelmente bem: houve falhas, muitas vezes as redes não funcionaram, mas não houve grandes apagões.
3. INVESTIMENTO E RECONHECIMENTO
Cosgrave reconheceu que o retorno para as “start-ups” portuguesas que participaram pela primeira vez na cimeira ainda vai demorar algum tempo a surgir. Algumas que estiveram em eventos anteriores disseram aos meios de comunicação que muitas vezes não chega sequer a haver retorno.
Este ano, e às perguntas sobre retorno imediato da presença no evento das empresas, alguns empreendedores respondem que nem sempre se vê. Outros revelam que o importante é estar dentro do “ecossistema”.
Há ainda quem, como o secretário de Estado da Indústria, defenda que este não é um evento de “trading” (compra e venda), mas de “networking” (partilha de informação). Por isso, só no futuro haverá resultados visíveis.
4. PITCH
É um dos momentos mais interessantes da Web Summit. É aí que as empresas se dão a conhecer. Um cartão-de-visita falado de quatro minutos em que os empreendedores tentam convencer os investidores a olharem com atenção para os seus negócios. Um “Shark Tank” à moda da Web Summit.
Os pavilhões da FIL tinham um espaço de “pitch” e foram mais de 200 “start-ups” a participar na competição, das quais 31 eram portuguesas.
Há dois anos foi a portuguesa Codacy a ganhar na Irlanda. Este ano, a Portugal Ventures quis associar-se a este evento com um prémio para a vencedora. Foram 100 mil euros ganhos pelos dinamarqueses da Kubo Robot.
5. TRANSPORTES
O trânsito foi complicado, os transportes nem sempre funcionaram, e houve o metro que entupiu em hora de ponta, como a Renascença mostrou em primeira mão.
Para o ano, se forem 80 mil pessoas, muito terá de mudar. O primeiro-ministro, António Costa, falou sobre o tema num tom salomónico: disse que qualquer evento com 50 mil pessoas terá problemas como os que aconteceram na Web Summit.
6. EUA
O sismo Trump teve réplicas na Web Summit. Dominou todas as conversas do segundo dia. O tema foi ao palco do Meo Arena várias vezes e o espaço chegou a ficar às escuras por vontade do mentor do certame.
Algo que Paddy Cosgrave diz que não acontecerá por muito tempo, mesmo depois do resultado das eleições norte-americanas. “Há luz em nós. A escuridão não dura para sempre”, disse, enquanto pedia para os mais de 15 mil sentados no pavilhão ligassem as luzes dos seus telemóveis.
7. CONFERÊNCIAS
Num evento gigante – o adjectivo não é uma hipérbole – é muito difícil usufruir dele sem estar muito focado. É muito fácil passar pela Web Summit e, apesar de acontecer tanta coisa ao mesmo tempo, ficar com uma sensação de que não se viu nada. Um conselho a quem quer ir às próximas Web Summit: vá com ideias muito concretas do que quer ver e abra algum (só algum) espaço para a descoberta.
Passaram por Lisboa figuras extremamente importantes do mundo da tecnologia, líderes de plataformas ou redes sociais de sucesso mundial. O tempo escasso de cada intervenção (não mais de 20 minutos) é a regra do evento. Não poucas vezes, cada assunto ficou num patamar superficial.
8. GÉNERO
No início da organização da Web Summit, as mulheres que foram ao evento eram apenas 10%. Este ano, Paddy Cosgrave disse no universo de participantes foi de 42%. Um recorde.
O número foi insuflado, com dois mil bilhetes oferecidos, algo justificado pelo líder da Web Summit com a necessidade de motivar outras mulheres a comprarem a entrada. E diz que funcionou.
Todavia, se a paridade foi quase atingida na assistência, nos conferencistas ficou muito longe disso acontecer. Dos 32 convidados portugueses para falar no evento, apenas uma era mulher.
As mulheres no evento afirmaram à Renascença que o evento não desvirtua a realidade do meio empreendedor, apenas a replica. A tecnologia continua a ser um meio de homens.
9. IDEIAS PARA O FUTURO
Carros sem condutor, pessoas transportadas em cápsulas, inteligência artificial e realidade virtual. As máquinas estão aí e no futuro, previsivelmente, estarão ainda mais nas nossas vidas.
Um dos debates mais interessantes da Web Summit, mas ainda sem muitas respostas concretas, é o de um futuro de pós-trabalho.
“Acho que há conversas muito sérias que temos que ter. Há protestos no meu país [na Irlanda] e noutros países entre as aplicações de partilha de transportes e taxistas sobre quem deve ter o direito de conduzir e isso é importante, mas muito mais assustador e importante é o que é que acontece quando não precisarmos de condutores? O que é que acontece quando não precisarmos de uma série de outros trabalhadores?”, disse Paddy Cosgrave.
10. NÚMEROS
Passaram pela Web Summit mais de 53 mil pessoas, oriundas de 166 países, que ouviram 677 oradores e se relacionaram de perto com 1.490 “start-ups” de todo o mundo.
Se olharmos para as visualizações na maior rede social do planeta, o Facebook, a mania da Web Summit ultrapassa os 4 milhões.
Outro número: o pastel de nata ganhou um novo impulso internacional – 97 mil unidades comidas em três dias.