O bispo do Porto publicou, nesta sexta-feira, uma nota sobre o regresso das celebrações comunitárias, em que se mostra satisfeito com o regresso às celebrações eucarísticas, mas em que também sublinha os efeitos sociais da atual pandemia.
Reuniram-se "as condições para voltarmos a celebrar a nossa fé de maneira comunitária e retomarmos a vida económico-social em condições relativamente normais", afirma D. Manuel Linda, dando "graças a Deus por isso" e prometendo levar a dimensão religiosa muito a sério".
Nesse sentido, considera necessário aproveitar "esta circunstância que abalou o mundo para tentar corrigir aspetos que necessitam de humanização, especialmente no campo das relações familiares e sociais e na economia".
“A fome é uma realidade”
O bispo do Porto lembra que "a pandemia que vivemos e continua aguda em muitas partes do mundo deixou enormes situações de pobreza e debilitou ainda mais os que já eram débeis".
"Infelizmente, como sabemos, a pobreza nunca esteve ausente do nosso contexto social. Mas a situação que vivemos, além dos abalos na saúde e vida de tantos, fez enormes estragos, entre outros, na sustentabilidade financeira de muitas pessoas e de famílias inteiras”, refere D. Manuel Linda, que deixa um outro sublinhado: “a fome é uma realidade”.
Neste contexto, o prelado diz que “movidos pela consciência pessoal e, ainda mais, pela responsabilidade originada na fé, cada um, cada uma, de acordo com as suas circunstâncias e possibilidades, procure responder, como ser humano e como cristão, a esta emergência social”, até porque “esta pandemia da pobreza e das dificuldades de todo o género, ao contrário da virológica, não se combate com isolamento social, mas com a proximidade pessoal, afetiva e efetiva”.
D. Manuel Linda sublinha que “o novo coronavírus está a causar imenso sofrimento em muitas partes do mundo”, com particular incidência entre “os ricos” da Europa e América do Norte”, e alerta para a possibilidade de atingir em força África.
Nesse caso, “teremos de nos comprometer com esses que, de forma habitual, já são os mais pobres dos pobres”.
O bispo pede que “sejamos generosos” e afirma que, “sem querer instrumentalizar este apelo”, é preciso que “também não se esqueça que a família paroquial – a paróquia, com as suas estruturas e servidores – está, em muitos casos, entre estes necessitados”. ~
“O confinamento, nas casas como nas paróquias, não pagou compromissos assumidos”, frisa D. Manuel Linda, ao mesmo tempo que pede: “estejamos atentos também a estas necessidades”.
Por último, o bispo relembra, em forma de pergunta, uma sugestão que já tinha feito: “já que não se vão realizar as festas patronais de verão, não se poderia encaminhar os dinheiros que se pensava gastar com elas para as grandes necessidades sociais, concretamente para os sem-abrigo, destino indicado pela nossa diocese para a partilha quaresmal?”
Neste regresso às missas presenciais, D. Manuel Linda vai presidir à eucaristia das 11 horas, no domingo, na Catedral do Porto.