O médico que foi um dos primeiros a denunciar o surto de coronavírus em Wuhan morreu esta quinta-feira da própria doença.
Li Wenliang, de apenas 34 anos, chegou a ser perseguido pela polícia chinesa por “espalhar boatos” quando denunciou nas redes sociais, em finais de 2019, que havia uma série de casos suspeitos de uma variante da gripe no hospital onde trabalhava.
Os sintomas dos sete pacientes que estavam na altura em quarentena lembravam-lhe o SARS, outra variante de Coronavírus, e avisou os seus colegas para usarem máscaras de proteção. Infelizmente o próprio acabou por sucumbir à doença quando operava uma mulher por outra razão, sem perceber que também ela estava infetada.
Pouco depois de ter feito os comentários foi chamado a comparecer no departamento de segurança pública e acusado de divulgar comentários falsos que punham em causa a ordem pública. Se continuasse a falar da doença, disseram-lhe, seria conduzido à justiça.
Na altura aceitou não voltar a falar do assunto, mas mais tarde seria o Supremo Tribunal chinês a criticar as autoridades que o interrogaram.
Li era casado e tinha um filho já nascido e outro a caminho. Os seus pais também foram infetados. Numa entrevista dada já da sua cama de hospital disse ao New York Times que “se os responsáveis tivessem divulgado mais cedo a informação sobre a epidemia a situação poderia ter sido muito melhor.”
“Devia haver mais abertura e transparência”, afirmou.