O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, acredita que é possível uma nova “gerigonça” se o PS não tiver maioria absoluta numas próximas eleições legislativas, na sequência do chumbo da proposta de Orçamento do Estado para 2022 (OE2022).
"Sim, é possível, porque estou seguro de que todos os partidos aceitarão os resultados eleitorais se o senhor Presidente da República decidir convocar eleições dissolvendo o parlamento", declarou Augusto Santos Silva em entrevista à TVI.
O ministro considera que “o mais estranho hoje” foi a direita minoritária no Parlamento ter conseguido chumbar o Orçamento e conquistar “vitória política” porque o Partido Comunista e Bloco de Esquerda a votarem contra a proposta de um Governo socialista.
“Foram os partidos à esquerda do PS que deram a vitória política à direita”, argumenta Santos Silva, que deixa uma pergunta: “mas o que ganhar o PCP e o Bloco com isto? O salário mínimo não aumenta, as pensões não aumentam nem os salários dos funcionários públicos”.
Santos Silva diz que “será espetável” se o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, decidir convocar eleições antecipadas.
“O povo vai-se pronunciar, vai dizer quem quer a liderar o Governo e há três possibilidades: ou a direita faz a maioria, ou PS tem maioria ou consegue fazer maioria com o PAN ou há uma circunstância parecida com a atual", sublinha.
Augusto Santos Silva quer “sossegar” os portugueses e encara o cenário de eleições antecipadas “sem demasiado dramatismo”.
“Temos um Governo em plenas funções até ser convocada a eleição, depois entramos em período eleitoral, depois há de formar-se um Governo que apresentará o Orçamento do Estado, e essa clarificação pode ser útil”, defende.
Perante o cenário de crise política, “não está em causa nenhuma anormalidade em termos europeu, há outros países que vivem circunstâncias destas”, mas Portugal tem que recuperar rapidamente a estabilidade, que é um importante “trunfo internacional”.