O ministro português dos Negócios Estrangeiros defende que vai ser necessário o envio de tropas terrestres para um combate eficaz ao autoproclamado Estado Islâmico no Médio Oriente.
“A situação está de tal modo a deteriorar-se que é natural que haja uma intervenção da coligação”, declarou Rui Machete, esta segunda-feira, em Bruxelas, no final de uma reunião de ministros europeus.
O governante considera que a acção no terreno dos curdos e do exército iraquiano é insuficiente para travar dos extremistas.
“Os curdos têm tido uma acção importante, foram eles que evitaram, há uns seis meses, a conquista de Bagdad, por parte do ISIS. Mas não é suficiente e há que mais tarde pensar em operações com tropas no terreno”, afirma Rui Machete.
"Não existem garantias absolutas" de que Portugal não será alvo
Na sequência dos atentados de sexta-feira, em Paris, o ministro dos Negócios Estrangeiros afirma que, embora Portugal até agora tenha sido "poupado" a ataques terroristas, "não existem garantias absolutas" de que não seja alvo, justificando-se assim "medidas cuidadosas de segurança".
Rui Machete considera que não há motivo para alarme em Portugal, mas admitiu haver razões para estar vigilante.
"Há razões para tomar medidas cuidadosas de segurança. Não há razões para todos os dias temermos que exista um ataque, mas evidentemente que é uma situação delicada e não pode ser considerada de ânimo leve. Portugal, por razões geográficas, por um lado, e sociológicas, por outro, felizmente tem sido poupado e há esperança que continue a sê-lo, mas garantias absolutas não existem", disse.
Salientando que a discussão entre os 28 para "tratar especificamente de medidas do ponto de vista policial e dos serviços de informação" está reservada para a reunião de emergência de ministros do Interior da UE agendada para a próxima sexta-feira, pois os chefes de diplomacia abordam mais questão a nível de política externa", Rui Machete comentou ainda assim que considera que o reforço da troca de informação entre os Estados-membros "é fundamental", e já serviu para desmantelar "muitas células terroristas" em solo europeu.
"Eu, por exemplo, entendo que em relação ao Magrebe os serviços de «intelligence" (informações) portugueses devem cooperar de uma maneira estreita, e já estão a cooperar. Isso é fundamental porque o ISIS (o grupo extremista Estado Islâmico) não para numa fronteira, considera que todo o ocidente e alguns países muçulmanos e outras opções religiosas maioritárias são terras que devem ser punidas por essa circunstância", observou.
Na sequência de um pedido da França nesse sentido, a presidência luxemburguesa da União Europeia convocou no passado domingo uma reunião extraordinária dos ministros do Interior da União Europeia, para a próxima sexta-feira em Bruxelas, para reforçar a luta antiterrorista.
"Na sequência dos trágicos acontecimentos em Paris, esta reunião extraordinária vai reforçar a resposta europeia, assegurando o seguimento das medidas tomadas", indicou a presidência luxemburguesa da UE.