Os presidentes de Estados Unidos e França voltam a encontrar-se esta quinta-feira, naquela que é a primeira visita de Estado que Joe Biden recebe desde que tomou posse, no início de 2021.
Emmanuel Macron já havia chegado ao país esta terça-feira, tendo inclusivamente jantado na companhia do homólogo norte-americano no dia seguinte.
Ao receber o Presidente francês na Casa Branca, Biden destaca que "os EUA não podia pedir melhor parceiro do que a França". "Durante séculos, juntámo-nos, traçamos o caminho em direção a mais liberdade, mais oportunidades, mais dignidade e mais paz."
Já Macron admitiu ser uma "honra" e uma "emoção" estar com os "queridos Joe e Jill Biden" na residência oficial do Presidente norte-americano, uma vez que "as duas nações são irmãs na sua luta pela liberdade".
Apesar da receção calorosa, a visita de Estado de Emmanuel Macron aponta as armas à aliança transatlântica, nomeadamente quanto aos custos da guerra na Ucrânia e a possível ajuda dos Estados Unidos aos parceiros europeus.
De acordo com a Reuters, há a expectativa de que o Presidente da França partilhe as suas preocupações e críticas ao Inflation Reduction Act (IRA), um pacote de ajuda à economia dos Estados Unidos a rondar os 430 mil milhões de dólares (o equivalente a 409,4 mil milhões de euros).
Tal como o nome indica, o IRA destina-se a combater a crise inflaiconista que se vive no país, com medidas como a redução do preço de vários medicamentos, maior investimento na comparticipação de cuidados de saúde ou a redução das faturas da energia.
No entanto, a ajuda anunciada pela administração Biden, no campo das empresas, destina-se sobretudo a companhias norte-americanas - e produtos "Made in USA" -, algo que os Macron considera injusto para as empresas europeias que foram afetadas pela crise inflacionista e pelos custos da guerra na Ucrânia.
Para o chefe de Estado francês, a União Europeia (UE) e os EUA "não estão em pé de igualdade", especialmente sob as medidas protecionistas que os Estados Unidos se preparam para adotar.
Segundo a agência Reuters, num encontro com vários deputados do Congresso, Emmanuel Macron terá admitido que este pacote seria "super agressivo" para as empresas e negócios da Europa.
Já à comunidade francesa em Washington D.C., Macron frisava que os custos da guerra era muito maiores no continente europeu do que nos EUA e apontava o dedo aos norte-americanos, que deixariam os aliados para trás, no que poderá ser "uma divisão do Ocidente".
No entanto, Karine Jean-Pierre, porta-voz da Casa Branca, contraria as preocupações do Presidente francês, sublinhando que o diploma de Biden "apresenta oportunidades significativas para companhias europeias, assim como beneficia a segurança energética da União Europeia".
Um "rendez-vous" para Biden se redimir
De acordo com a CNN, Emmanuel Macron e Joe Biden irão discutir tópicos de "interesse comum", relativos, nomeadamente, aos capítulos da invasão russa à Ucrânia, os tumultos no Irão, a influência crescente da China, a inflação e a emergência climática.
Por outro lado, esta será também uma oportunidade para o Presidente norte-americano se redimir da "crise dos submarinos" de 2021. No ano passado, EUA e Reino Unido "roubaram" um acordo à França para a venda de submarinos à Austrália, naquilo que seria uma parceria entre os três países anglófonos, conhecida como "AUKUS".
Inicialmente, Canberra havia negociado com Paris uma aquisição a rondar os 90 mil milhões de dólares. Desde então, segundo o jornal The Guardian, Joe Biden já terá pedido o perdão a Macron pela gestão "trapalhona" dos EUA.
Já desde o ano passado, numa tentativa de redenção norte-americana, ambos os países avançaram com um grupo de trabalhos na cooperação para o espaço, ciberespaço e questões de energia.