O diretor dos serviços de informação americanos contradisse esta terça-feira o Presidente Donald Trump ao dizer que o Estado Islâmico não foi derrotado na Síria, que a Coreia do Norte não mostra qualquer intenção de abandonar o seu projeto nuclear e que o Irão não está a tentar construir uma arma nuclear.
Diante da comissão do senado que lida com questões de inteligência Daniel R. Coats disse que as análises dos serviços de informação mostram que o Estado Islâmico ainda controla milhares de combatentes no Iraque e na Síria, tendo ainda dezenas de redes em todo o mundo. Esta informação contradiz diretamente a ideia promovida por Donald Trump de que o Estado Islâmico tinha sido derrotado na Síria, justificando assim a retirada das tropas americanas.
Outra incongruência tem a ver com o programa nuclear da Coreia do Norte. O Presidente americano foi o primeiro a encontrar-se com um chefe de Estado da Coreia do Norte e obteve de Kim Jong-un garantias de que Pyongyang iria deixar de tentar obter armas nucleares, o que foi apresentado como uma grande vitória por Washington.
Mas as secretas americanas dizem que “neste momento concluímos que a Coreia do Norte vai tentar manter a sua capacidade de armas de destruição maciça e que não é provável que abandone totalmente as suas armas nucleares e capacidade de produção”, uma vez que os seus líderes consideram que as armas são “cruciais para a sobrevivência do regime”, segundo Coats.
Por fim, e ao contrário da Coreia, o diretor negou que o Irão continue a tentar obter armas nucleares. Esta conclusão choca com a posição de Trump, que mandou reinstaurar as sanções contra o regime iraniano, precisamente por este estar, segundo ele, a tentar construir armas de destruição maciça.
Para além destas contradições, o relatório que Coats foi apresentar ao senado, e que elenca as principais prioridades para os Estados Unidos em termos de segurança, tem a particularidade de não incluir qualquer referência à necessidade de construir um muro entre o México e os Estados Unidos, uma ideia que é frequentemente apresentada por Trump como uma prioridade securitária.