Este é um filme que parte de uma história verdadeira. “O Pior Homem de Londres”, que chega esta quinta-feira às salas de cinema, é a nova longa-metragem do realizador português Rodrigo Areias e conta a vida de Charles Augustus Howell, um luso-britânico que viveu no século XIX e que era negociador de arte, mas que tinha uma vida intrigante.
Em entrevista ao Ensaio Geral da Renascença, o realizador explica que o personagem central do seu filme “é filho de pai inglês e mãe portuguesa, mas até aos 17 anos viveu em Portugal. Depois emigrou para Londres, onde acaba por se tornar secretário de John Ruskin, à época, o grande crítico de arte na Europa”.
Charles Augustus Howell, cujo papel é desempenhado pelo ator Albano Jerónimo, “acaba por ser considerado pela sociedade inglesa do período vitoriano, principalmente dentro do círculo dos pré-rafaelitas, como um homem de extremo bom gosto. Era alguém que vivia de dar conselhos na decoração das casas das pessoas”, explica o realizador.
Contudo, esta é uma personagem que é tudo menos linear. O espetador é colocado perante um homem com várias facetas. Por um lado, “ele acaba por estar ligado, como agente de artistas, principalmente Dante Gabriel Rossetti e depois posteriormente de James Whistler”, refere Areias, que acrescenta que no enredo do filme “há uma série de tramas até quase policiais e de intriga internacional ao qual ele acabou por estar ligado”.
Talvez por isso, o escritor Arthur Conan Doyle, autor de Sherlock Holmes, lhe tenha dado o nome de “o pior homem de Londres”, designação que agora dá titulo ao filme. “Aquilo que me interessou foi aprofundar a pesquisa sobre este personagem, tentar aproximar-me das motivações dele, porque acho que o clichê que ficou para a história de que ele era um vilão, é exatamente isso, um clichê”, diz Areias.
O realizador deixa por isso o espetador perante um dilema. Quem é afinal este homem? Um vilão ou um herói. Além de Albano Jerónimo, o filme conta também com atores como Edward Ashley, Victoria Guerra, Scott Coffey, Christian Vadim ou Carmen Chaplin.
A rodagem do filme teve como cenário Portugal. Rodrigo Areias brinca ao dizer que “a sorte é que no cinema é sempre a fingir”, mas preocupou-se em encontrar locais cuja arquitetura remetesse para a Inglaterra vitoriana.
“Sabia que não queria filmar em Londres. Já tive várias experiências de produção em Londres e não o queria fazer, porque só ia complicar o processo de produção do filme. Por isso, encontrar casas vitorianas, palácios, igrejas inglesas ou cemitérios, filmar grande parte deste filme na cidade do Porto, para mim, foi altamente confortável”, explica Rodrigo Areias.
Questionado pelo Ensaio Geral sobre a opção de fotografia do filme, o realizador explica que “O Pior Homem de Londres” é um filme que tem um ambiente de imagem inspirado na pintura da época.
Segundo o realizador, “a questão foi mesmo partir da pintura pré-rafaelita para fazer um filme sem que isso depois se impusesse ao espectador”.
“A história deste personagem é aquilo que se impõe, mas no fundo, para mim, era muito importante visualmente garantir que essa construção pictórica estava presente, no movimento de câmara, na linguagem de realização, e de certa forma também servir o guarda-roupa e a cenografia do filme”, conclui o cineasta.
“O Pior Homem de Londres”, um filme com produção da Leopardo Filmes que já está nas salas de cinema portuguesas.