A vacina de última geração para a varíola humana, agora aproveitada na Europa para evitar novos contágios de varíola dos macacos, vai garantir uma boa proteção, diz à Renascença o virologista Paulo Paixão.
O especialista começa por esclarecer que esta não é uma vacina desenhada especificamente para a varíola dos macacos, mas os vírus são semelhantes.
"É a vacina que já existia anteriormente porque não havia tempo para se desenvolver, num espaço de tempo tão curto, uma vacina específica para o Monkeypox. É, no fundo, uma adaptação, já havia alguma ideia de que realmente haveria alguma proteção cruzada entre um e outro, porque no fundo são vírus aparentados, mas seguramente que dará uma proteção bastante significativa."
Face ao estado clínico aparentemente estável das pessoas infetadas, o virologista acredita que a vacina terá assim uma boa proteção.
"A mortalidade é praticamente nula, mesmo os casos de exposição ao nível hospitalar têm sido poucos e com passagens breves. Conjugando tudo isto, ou seja, um vírus que não tem sido grave até ao momento, com uma vacina que à partida terá uma boa proteção, eu penso que a vacina vai realmente dar uma excelente proteção e vai evitar a maioria esmagadora dos casos."
As pessoas em contacto com infetados por varíola dos macacos devem ser a prioridade na administração desta vacina, defende Paulo Paixão.
"Para mim o que tem sentido realmente é sobretudo nos contactos, aí sim. Se houver pessoas infetadas, vacinar as pessoas com maior risco de adquirir por contacto, seja isso é a vacinação das pessoas que estão à volta daqueles casos positivos, não vacinações maciças”.
O especialista diz não fazer qualquer sentido uma vacinação maciça dado o estado atual doença.
“Isto pode mudar, mas, com os dados que temos até ao momento, não faz qualquer sentido vacinações maciças para uma doença que até agora tem sido bastante benigna neste surto", sustenta.