O líder da milícia paramilitar Wagner, Yevgeny Prigozhin, disse este sábado que todos os elementos do grupo de mercenários estão "prontos para morrer" na operação contra o Exército da Rússia.
Numa mensagem áudio publicada na rede social Telegram, Prigozhin assegura: "Todos estamos prontos para morrer. Todos os 25 mil e depois mais 25 mil [nesta ação] pelo povo russo."
Numa segunda mensagem divulgada pouco depois, o líder do grupo Wagner rejeita as acusações de "traição" feitas pelo Presidente russo, Vladimir Putin, classificando os mercenários de "patriotas" que defendem a terra-natal.
"No que diz respeito à traição à pátria, o Presidente enganou-se profundamente. Somos patriotas. Lutámos e lutamos (...) e ninguém pretende entregar-se por exigência do Presidente, do Serviço de Segurança Federal ou de quem quer que seja", afirma Prigozhin.
Sustentando que Vladimir Putin “está profundamente enganado”, o líder do grupo Wagner garantiu que os seus combatentes “não se renderão”.
A mensagem coincidiu com novas informações dos serviços de informação do Ministério da Defesa do Reino Unido, a dar conta de que algumas unidades do grupo Wagner "estão a mover-se para norte, através de Voronezh Oblast, quase certamente tendo como objetivo chegar a Moscovo".
Voronezh fica a meio caminho entre Rostov-on-Don, a cidade russa que os mercenários já controlam e onde Prigozhin se encontra atualmente, e Moscovo, a capital.
Voronezh sob controlo do Wagner?
Segundo fontes russas citadas pela BBC, os mercenários do Wagner já detêm o controlo de todas as instalações militares da cidade, uma alegação que as autoridades locais ainda não comentaram.
Esta manhã, e face aos recentes desenvolvimentos no terreno, o governador de Voronezh, Aleksandr Gusev, avisou que existem várias notícias falsas a circular sobre o movimento de uma coluna militar na região.
Gusev também adiantou que as forças armadas russas estão a aplicar "medidas de combate operacionais" na região, no âmbito da operação anti-terrorista lançada por Putin no rescaldo da declaração de guerra de Prigozhin.
À mesma hora, o governador de Rostov, Vasily Golubev, divulgava uma mensagem no Telegram a pedir aos habitantes da região que continuem ao lado do Presidente Putin.
"Tem havido alturas na história da Rússia em que uns quantos quiseram dividir a nossa sociedade e inflamar as chamas da guerra civil, o que nos conduziu à catástrofe. Isto não pode voltar a acontecer. A região de Rostov está ao lado do Presidente! Temos de permanecer unidos!"
Na sua atualização da situação no terreno, a Defesa britânica cita "o desafio mais significativo ao Estado russo em tempos recentes" e descreve uma querela interna que está a escalar para um "confronto militar aberto", adiantando que as forças mercenárias "passaram a Ucrânia ocupada para a Rússia em pelo menos duas localizações".
Nessas movimentações, adianta o Governo britânico, algumas tropas russas "permaneceram passivas", numa "anuência ao Wagner".
"Ao longo das próximas horas, a lealdade das forças de segurança da Rússia, da Guarda Nacional Russa, será a chave para deslindar como é que esta crise vai desenrolar-se", adianta o Reino Unido.
As informações das secretas britânicas foram divulgadas pouco depois de Vladimir Putin ter quebrado o silêncio desde o apelo feito por Prigozhin, com o Presidente russo a falar numa "rebelião armada" que merecerá "castigos iminentes".
Perto das 12h (hora de Lisboa), era noticiado um enorme incêndio num depósito petrolífero em Voronezh, com o governador regional, Aleksandr Gusev, a indicar que 100 bombeiros estavam a essa hora mobilizados no combate às chamas.
Vídeos a circular nas redes sociais mostram uma coluna massiva de fumo negro sobre o local.
[atualizado às 12h13]