Trabalhadores dos bares dos comboios de longo curso de novo em greve
22-09-2023 - 09:54
 • João Cunha

Reclamam a regularização das remunerações pela nova concessionária, a NewRail, que apesar de ter assinado o Acordo de Empresa, não o está a cumprir.

Depois de 54 dias acampados em Santa Apolónia e em Campanhã, no Porto, os trabalhadores dos bares da CP regressam aos protestos. Depois de assinar acordo de empresa, que garantia todos os direitos e regalias dos trabalhadores, a Newrail, que venceu o concurso público para assegurar o serviço a bordo dos comboios de longo curso, terá voltado atrás com a palavra.

"Não podemos aceitar que depois de todo o dinheiro depositado na empresa pelo estado e pelos contribuintes, para que uma nova empresa resolvesse o que ficou para trás, como salários em atraso e créditos vencidos que não foram pagos, essa mesma empresa insista em não querer cumpri-los", refere Luís Batista, do Sindicato de Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Sul.

"Os nossos salários em atraso deviam ter sido pagos como salários, com descontos para a segurança social, coisa que não aconteceu. Esta nova empresa pagou os salários, mas como um prémio especial", prejudicando os trabalhadores.

De recordar que a CP - Comboios de Portugal anunciou em maio que o novo operador dos bares dos comboios de longo curso já tinha regularizado os salários dos trabalhadores, tendo o serviço sido retomado nessa altura, depois de um longo impasse.


"Querem ficar com 3,4 milhões sem investir um único tostão".

Desde Maio, adianta Luis Batista, "tem sido uma luta constante para que esta nova empresa cumpra direitos básicos, como a retribuição do trabalho extraordinário, o direito a receber férias não gozadas e subsidios de férias que não recebemos", assim como o direito a refeições quando não há possibilidade de fazer tempos de pausa.

Os trabalhadores lamentam ainda que a Newrail não tenha, como asseguram, investido na melhoria das condições materiais, que dizem ser "deploráveis", seja a nivel das condições materiais no armazém, das condições para carregar e descarregar os comboios ou as condições de trabalho para trabalhar dentro das composições.

"Querem ficar com os 3,4 milhões que receberam, sem investir nada", diz Luis Batista, que lembra que o investimento na melhoria das condições de trabalho representa, ao mesmo tempo, uma melhoria das condições do serviço prestado ao passageiros.

"A CP lavou as mãos, não quis ficar com os trabalhadores", lamenta o sindicalista, para quem a situação só se resolve quando passarem todos para os quadros da CP. Se assim fosse, "a CP poupava dinheiro, os contribuintes eram mais bem servidos e os trabalhadores, de uma vez por todas, viam as suas condições de vida e estabilidade melhoradas".