O partido da oposição venezuelana Vontade Popular (VP) apela às Forças Armadas (FAV) para que defendam a Constituição e a democracia, condenando a decisão do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) de "usurpar" as funções da Assembleia Nacional (AN, Parlamento).
"Dirigimo-nos aos cadetes, sargentos, capitães, coronéis e generais das FAV, a todos os soldados honestos e jovens, para que intervenham, perante o golpe judicial, para restaurar a ordem constitucional", disse aos jornalistas o porta-voz de VP, David Smolansky.
Vontade Popular é um partido de centro-esquerda, fundado pelo opositor Leopoldo López, que a 10 de Setembro de 2015 foi condenado a 14 anos de prisão, por instigação pública, associação criminosa, danos à propriedade e incêndio durante violentas manifestações de Fevereiro de 2014 contra o Presidente Nicolás Maduro.
"Pedimos às FAV, que não façam um golpe de Estado como o STJ, mas que actuem dentro do quadro da Constituição, para fazê-la valer quando o regime e os seus magistrados romperam o fio constitucional", explicou.
David Smolansky insistiu que os militares deveriam seguir o exemplo da Procuradora Geral da Venezuela, Luísa Ortega Díaz, que denunciou que as recentes sentenças do STJ que ordenam ao Chefe de Estado para limitar a imunidade parlamentar e em que o tribunal assume as funções do Parlamento "evidenciam várias violações de ordem constitucional e desconhecimento do modelo de Estado".
"É preciso uma enorme valentia para defender a democracia na forma em que fez, (PGR) sabemos da pressão a que está submetida, que o Sebin (funcionários dos serviços secretos) estão rondando o Ministério Público, mas esperamos que o próximo passo seja investigar estes magistrados golpistas, com a respectiva e consequente acusação penal", disse aquele responsável.
Por outro lado apelou "ao defensor do povo (espécie de procurador popular) para que expresse que houve uma ruptura da ordem constitucional como fez a procuradora".
"A todos os dirigentes dos poderes públicos, queremos dizer-lhes que este é o momento para mostrarem se estão com a ditadura ou se querem ver os filhos e netos viver em liberdade", disse.