Em sentido figurado, ter “vida de turco” é dispor de uma vida regalada. É tudo menos o que está a transcorrer, neste ano, a Fernando Santos. A um europeu insípido juntou-se a derrota (e uma mísera exibição) com a Sérvia que deixou desvalido o selecionador nacional. E como se já não bastasse, eis que surge um sorteio infortunado do “play-off” de acesso ao Mundial. A tômbola de Zurique colocou Portugal no caminho da Itália no jogo decisivo. Primeira conclusão: pelo menos um dos dois últimos campeões da Europa, não estará no Mundial de 2022, no Catar.
Mas como disse Fernando Santos em tom cartesiano, não vale a pena pensar na Itália, antes de jogar com a Turquia. E apesar do palmarés dos turcos ficar a léguas do português, não há razões para pensar que mesmo antes do provável Portugal-Itália, de 29 de março, Fernando Santos e os jogadores nacionais terão “vida de turco” frente à seleção da Eurásia.
A Turquia não vai a um Mundial há 20 anos, mas foi uma equipa audaciosa na fase de grupos. Só perdeu um jogo (6-1 nos Países Baixos), tendo sido capaz de vencer os neerlandeses em casa por 4-2 e marcar 27 golos, registando o sexto melhor ataque das 55 equipas que disputaram a qualificação europeia.
Fernando Santos tem quatro meses para estudar bem o adversário e o efeito positivo da chicotada psicológica de uma equipa que vem de três vitórias seguidas com o novo treinador e não perde desde a goleada sofrida nos Países Baixos, a 7 de Setembro. Após esse desaire, Senol Günes foi despedido e entrou o alemão Stefan Kuntz, o selecionador que bateu Portugal na final do europeu de sub-21, em junho passado, no comando da seleção germânica.
Não faltam avisos à navegação portuguesa para encontrar o rumo certo e evitar em março dupla desonra porque as quinas nunca falharam um Mundial via “play-off” e nunca perderam um jogo oficial frente à Turquia…