O atual presidente de Angola já exerceu o direito de voto nas eleições presidenciais, que decorrem esta quarta-feira, e prometem ser renhidas. MPLA e UNITA disputam a vitória.
João Lourenço que votou na Universidade Lusíada declarou que “todos” saem a ganhar com o exercício do voto. “Estamos todos os cidadãos e eleitores a fazer o mesmo e vamos todos a sair a ganhar”, disse Lourenço. “É a democracia que ganha, é Angola que ganha.”
Quem também já votou foi o líder da UNITA, Adalberto da Costa Júnior, que vê o dia de hoje como “um dia histórico”. “Faço um apelo a todos, a todos mesmo, vamos todos ao voto”. Ainda assim denunciou alegadas irregularidades, dizendo que "a votação está a ser feita sem cadernos eleitorais”, que não terão sido afixados na maioria das assembleias de voto.
Esta quarta-feira, quase 14,4 milhões de angolanos são chamados a votar nas eleições gerais, um processo considerado pouco transparente pela oposição, mas que o Governo acredita e considera ser exemplar.
Carlos Fonseca, embaixador de Angola em Portugal, acredita que estas eleições históricas, por permitirem o voto dos angolanos na diáspora, serão muito participadas.
“É a primeira vez que os angolanos da diáspora votam. A primeira vez só há uma vez e as outras são outras vezes. Este um início é um bom pronúncio para o que se vai passar. Tenho a certeza de que outras eleições ainda serão mais concorridas”, disse.
A forte adesão que espera nestas eleições prende-se, no seu entender, com a campanha concorrida feita em Angola, onde não acredita que haverá incidentes, depois destas eleições.
“Sempre que há eleições há uma ânsia, penso que é mais uma ansia e depois isso provoca imaginação. É normal que haja euforia, mas depois as pessoas vão votar em paz e tranquilidade, e vão aguardar pelos resultados”, disse.
O mesmo embaixador diz que a democracia se faz com ordem e acredita que a votação decorrerá sem problemas.
“A democracia é antes da votação, durante a votação e depois. Não é uma votação que vai pôr em causa o processo democrático e acredito que as pessoas vão manter o processo de civismo depois das eleições”, avisa.
Os dois favoritos, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder) e a União Nacional para a Independência de Angola (UNITA) deverão partilhar a esmagadora maioria dos 220 lugares da Assembleia Nacional e, segundo a Constituição, os dois primeiros da lista nacional do partido mais votado serão, automaticamente, Presidente e vice-presidente do país.
Além do MPLA e da UNITA, concorrem mais seis formações políticas: CASA-CE, Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), Partido de Renovação Social (PRS), Aliança Patriótica Nacional (APN), Partido Humanista de Angola (PHA) e Partido Nacionalista para Justiça em Angola (P-Njango).
O período eleitoral foi também marcado pela morte no dia 8 de julho, em Barcelona, Espanha, do ex-presidente José Eduardo dos Santos, e pela contenda familiar que se seguiu, um braço de ferro judicial e diplomático em que levou a melhor a viúva, Ana Paula dos Santos, e os seus três filhos, apoiados pelo Governo angolano, contra os filhos mais velhos que estão em rota de colisão com o regime e não vão estar presentes nas exéquias.
O executivo ainda não avançou com a data oficial para o funeral de Estado que pretende fazer, mas se acontecer a 28 de agosto, como foi veiculado por dirigentes do MPLA, acontecerá ainda no rescaldo das quintas eleições angolanas, que se adivinham renhidas.
A polícia angolana mobilizou desde segunda-feira todo o efetivo, devido às eleições, até quinta-feira, e 75% dos meios entre “26 de agosto e 6 de setembro”.